Aqui em São Paulo precisamos consultar a folhinha para nos lembrarmos que daqui a apenas uma semana iremos às urnas para eleger nosso novo prefeito. É hora de fazer um balanço de quem subiu e de quem caiu neste mês e meio de campanha no rádio e na TV.
Foi uma campanha diferente. Fora dos lugares visitados pelos candidatos neste domingo cinzento e frio, não há até agora sinais exteriores de campanha eleitoral na maior cidade do país.
Quase não se vê carros com adesivos dos candidatos, os postes continuam limpos, rararamente se vê uma bandeira, não se ouve a barulheira dos carros de som, como em outras cidades deste imenso Brasil por onde passei nesta campanha municipal.
As últimas pesquisas mostram um crescimento do PT nas 79 principais cidades do país, onde moram 46,5 milhões de eleitores, como revela alentado levantamento publicado hoje na “Folha” pelo colega Fernando Rodrigues. Em 33 destes municípios, petistas estão em primeiro ou segundo lugar nas pesquisas.
Ao contrário do que escrevi num dos meus primeiros textos sobre eleições, os programas dos candidatos no rádio e na televisão alteraram, sim, as posições em várias capitais.
Em alguns casos, de forma radical. Alguns exemplos:
São Paulo: Marta Suplicy manteve-se o tempo todo com boa folga na liderança desde o início e está no segundo turno, mas inverteram-se as posições entre seus dois concorrentes diretos. Alckmin começou com 31% em julho e caiu para 20% na última pesquisa. No sentido inverso, Kassab começou com 13% e chegou agora a 24%. Ou seja, Alckmin saiu 11 pontos na frente e agora está os mesmos 11 pontos atrás de Kassab, que tem o maior tempo e o melhor programa na televisão.
Rio de Janeiro: o bispo Marcelo Crivella começou na frente e agora pode nem ir para o segundo turno, atropelado por Eduardo Paes, do PMDB, empurrado pelo governador Sergio Cabral, e pelo verde Fernando Gabeira, adotado pelos tucanos, que começaram lá no fundo das pesquisas e agora devem decidir a eleição carioca.
Fortaleza: a prefeita Luizianne Lins e o demo Moroni Torgan começaram empatados em 30%, mas a petista disparou e agora tem 25 pontos de vantagem sobre seu principal concorrente, podendo ser reeleita já no primeiro turno. O marqueteiro dela é o velho e bom Duda Mendonça.
Recife: o desconhecido secretário municipal João Costa, indicado pelo prefeito petista João Paulo para a sua sucessão, também começou na rabeira das pesquisas, teve sua candidatura impugnada na Justiça, mas agora pode resolver a parada já no próximo domingo.
Salvador: disparado na frente das pesquisas no início da campanha, o demo ACM Neto agora está pau a pau com o prefeito João Henrique, do PMDB, e o petista Walter Pinheiro, que começou na laterna, para ver quem se classifica para o segundo turno na disputa mais emocionante e acirrada destas eleições.
Porto Alegre: tudo indicava mais uma disputa ente petistas (a deputada federal Maria do Rosário) e anti-petistas (o atual prefeito José Fogaça, atualmente no PMDB), mas a bela e firme Manuela D´Ávila, do PC do B, correu por fora e agora a disputa do segundo turno está indefinida.
Belo Horizonte: a capital mineira foi palco da reviravolta mais sensacional, puxando do último para o primeiro lugar nas pesquisas o candidato do governador tucano Aécio Neves e do prefeito petista Fernando Pimentel, o milionário socialista Márcio Lacerda, que até outro dia poucos conheciam em Minas.
Em resumo: de acordo com o levantamento do Fernando Rodrigues, mais uma vez é a eleição em São Paulo que vai decidir qual o partido será o campeão de votos nestas eleições.
Hoje, para minha surpresa, o partido que governa mais gente nas 79 maiores cidades do país é o DEM. São 13,3 milhões de pessoas, depois que o demo Gilberto Kassab assumiu a prefeitura de São Paulo em lugar do tucano José Serra, que deixou o cargo para se eleger governador. Em segundo lugar, vem o PT, com 9,4 milhões e, em terceiro, o PMDB, com 7,2 milhões.
Pelas últimas pesquisas, o PT agora poderá governar até 24,9 milhões em 2009, um recorde histórico, mas tudo dependerá do resultado de São Paulo, onde o segundo turno está indefinido, com Marta tecnicamente empatada tanto com Alckmin como com Kassab.
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