Os ventos eleitorais já mudaram de direção várias vezes este ano, alternando subidas e descidas de Serra e Dilma na liderança das pesquisas, mas chegamos à etapa decisiva da campanha presidencial com o mesmo equilíbrio de antes da Copa do Mundo. Nada de importante mudou no cenário, como se a Copa tivesse congelado a campanha, algo previsto aqui mesmo no Balaio, antes da bola rolar na África.
Com metodologias diferentes – o Ibope ouve os pesquisados nas suas casas e o Datafolha nas ruas – os dois institutos chegaram praticamente aos mesmos resultados neste final de semana.
Ibope: 39 a 39
Datafolha: Serra 39 X Dilma 38
A 90 dias das eleições, é num quadro de pau a pau entre governo e oposição que a campanha presidencial começa oficialmente nesta terça-feira, mas mudanças mais significativas nas pesquisas só deverão ocorrer a partir de agosto, quando entra no ar a disputa final com os programas dos candidatos no rádio e na televisão, ainda um fator decisivo nas eleições brasileiras.
A questão que continua no ar é saber até onde vai o poder de transferência de votos do presidente Lula para sua candidata. Embora seu nome não esteja na urna eletrônica, pela primeira vez desde a redemocratização do país, todos os analistas parecem estar de acordo num ponto: é ele o grande eleitor, que pode definir o resultado.
Os números da economia continuam todos a favor de Dilma Rousseff, com as últimas previsões apontando para um crescimento superior a 7% este ano. Resta saber o que a campanha da oposição poderá oferecer de concreto ao eleitorado para justificar o slogan “O Brasil pode mais”. Como traduzir isso num programa de governo?
Até agora, pelo menos, ainda não apareceu nenhuma proposta, projeto, bandeira de mudança da oposição capaz de motivar os eleitores a escolher outros rumos para o país, votando contra o projeto político de um presidente que bate seguidos recordes de popularidade em todas as pesquisas, mantendo-se próximo dos 80% de aprovação.
Serra mantem-se nos mesmos patamares dos últimos anos e joga agora suas fichas no confronto direto com Dilma Roussef, lembrando sempre que Lula não é candidato. Pretende investir nos debates entre os candidatos e na comparação de biografias.
A estratégia do comando da campanha da candidata do governo é exatamente oposta, ou seja, reduzir a participação de Dilma nestes confrontos ao mínimo possível, como fez o então candidato Fernando Henrique Cardoso, nas eleições de 1994 e 1998.
Também neste campo nada mudou: o PT e seus aliados investem num plebiscito entre os projetos políticos do atual governo e do anterior, sendo Dilma a candidata da continuidade do governo Lula; o PSDB e seus aliados querem confrontar a história política dos dois candidatos. Até aqui, deu empate.
Adeus, amigo Tite
Aos 72 anos, morreu meu velho amigo Jacinto Paschoalin, o Tite, dono do restaurante “A Toca”, um abrigo seguro para o pessoal de esquerda que fazia oposição ao regime militar. Isso não o impedia de acolher também a turma do ex-governador Laudo Natel, um expoente civil na época dos generais-presidentes. Tite era amigo de todo mundo, principalmente dos seus funcionários, que tratava como familiares.
Foi lá na Toca que festejamos muitas vitórias e choramos algumas derrotas junto com o dono da casa. Mara e eu escolhemos este lugar abençoado pelo velho Tite para comemorar as nossas bodas de prata, já faz muito tempo. Tite já não trabalhava mais no restaurante. Há anos foi morar num sítio no interior paulista, onde morreu de pneumonia. Saudades, amigo.
Sucesso, amigo Toninho
Será nesta segunda-feira o lançamento de “Quadrinhos Sacanas”, livro de um outro amigo, o Toninho Mendes, meu colega nos velhos tempos da Folha e da IstoÉ. Na definição dele mesmo, trata-se de “um mergulho na história da pornografia, do humor e do quadrinho”. A partir das 18 horas, na Alameda Jaú, 1998, nos Jardins.
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