Em nome do filho

Ele não trata de violência urbana, diferenças sociais nem de problemas políticos, temas comuns ao cinema brasileiro. Mas de uma questão humana, portanto, universal: o imponderável da vida. Com essa proposta aliada a um grande elenco – Wagner Moura, Mariana Lima, Lima Duarte e Brás Moreau Antunes (filho de Arnaldo Antunes) -, A Cadeira do Pai, de Luciano Moura, foi o único filme brasileiro selecionado para a mostra competitiva do Festival de Sundance, maior evento de cinema independente dos EUA, realizado de 19 a 29 de janeiro em Park City, Utah, conhecido por revelar ao mundo novos talentos.

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Recebido com aplausos – o longa foi exibido no primeiro dia do festival e em mais cinco sessões -, A Cadeira do Pai conta a história de Theo, um médico que, em meio a uma crise conjugal, sai em busca do filho adolescente que foge de casa. “É um thriller dramático. Thriller porque você tem a dúvida do que realmente está acontecendo com esse menino e drama porque, nessa jornada, o pai começa a fazer uma viagem interna, ele vai se transformando”, afirma Moura.

A crítica norte-americana descreveu a produção brasileira como altamente envolvente. A respeitada Variety, revista especializada em cinema, por exemplo, diz “que a sabedoria do biscoito da sorte, de que a viagem é mais importante que o destino, é enfaticamente sublinhada em A Cadeira do Pai“. Em vez de a tensão ir aumentando à medida que a busca progride, ela vai ficando mais leve, com o medo de Theo dando lugar à admiração a talentos ocultos do filho. “É um filme contemporâneo, tem a ver com nossas vidas.”

Primeiro longa do paulistano Luciano Moura, experiente diretor da O2 Filmes que mora no Rio de Janeiro e tem na bagagem o premiado curta Os Moradores da Rua Humbolt, inúmeros filmes publicitários e alguns episódios da série de TV Os Filhos do Carnaval, foi quase todo filmado no polo cinematográfico de Paulínia, interior de São Paulo, em apenas seis semanas e 38 locações. “Quando conto isso para as pessoas, todas falam: ‘Oh!’. Como é um polo de cinema, há muitas facilidades para filmar, inclusive para produção, logística…”. Algumas cenas foram feitas no litoral sul de São Paulo, como Iguape. “Fizemos lá uma parte importante do filme, que é a parte final, por ser um lugar muito solitário, com longas retas.”

O diretor ressalta como um dos momentos mais prazerosos de todo o processo os períodos de ensaio. “Ensaiamos o filme inteiro. É muito bom porque não tem tanta pressão, você está solto e é onde o filme começa a ganhar vida.” Produzido por Fernando Meirelles, A Cadeira do Pai tem estreia prevista no Brasil para o início do segundo semestre. No Festival de Sundance, o filme participou na categoria World Cinema Dramatic, cujo vencedor foi Violeta se Fue a los Cielos, do chileno Andrés Wood – o mesmo de Machuca (2004) -, sobre a cantora Violeta Parra. Este filme é uma coprodução entre a produtora brasileira BossaNovaFilms, a chilena Wood Producciones e a argentina Maiz Producciones.


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