Em prisão domiciliar

Estamos no quarto dia do confinamento total, decretado pelo presidente Felipe Calderón, na tentativa de conter a epidemia.
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Recebi, no domingo pela manhã (dia 3), um telefonema gravado do governo dando explicações sobre a gripe, prevenção, sintomas e contágio, e como devemos proceder em caso de suspeitas da doença.

Tem me impressionado bastante a forma como os mexicanos enfrentam problemas desse tipo. Talvez pelo fato de já estarem acostumados a constantes desastres naturais, como erupção de vulcões, terremotos, furacões. O cumprimento de ficar em casa foi total. Sem exceções. O México, país caótico em trânsito, poluição e superpopulação, foi controlado e reduzido a ruas vazias, praças abandonadas e carros nas garagens.

Até mesmo as empresas lançaram propagandas na televisão tratando do assunto. A Kibon, aqui conhecida como Holanda, fez um filme lindo, narrado por um menino que diz não ter para onde ir, mas que era ótimo ficar em casa na companhia dos pais. Tomando um sorvete, é claro!

O país é muito católico e as pessoas são muito ligadas à família. Os mexicanos estão valorizando a união familiar nesses dias de recolhimento, com frases: “Aproveite para desfrutar ao lado dos seus parentes, reforçando a convivência de pais e filhos”. As missas da Basílica de Guadalupe, suspensas no princípio, estão sendo feitas no jardim da igreja. A santa padroeira do México recebe milhares de fiéis todos os dias e em momentos difíceis esse número chega a dobrar.

Acabo de saber que o retorno às aulas deverá ser gradual: dia 7/5, faculdades, e dia 11/5, os demais anos escolares. Os restaurantes voltarão a funcionar em 6/5, mas cinemas, centros esportivos e discotecas ainda não estão com data para a reabertura.

Essa será mais uma semana atípica na vida dos mexicanos. As notícias são de que há uma estabilização da doença, mas muito ainda está para se descobrir. Uma das perguntas mais frequentes aqui é “por que no México o vírus atacou de uma forma mais forte?” e se, como em outras situações de epidemia, o vírus pode voltar daqui alguns meses de um modo mais letal. São perguntas sem respostas, mas que estão sendo estudadas pela OMS, que ainda não baixou o nível 5 de alerta global.

Seguimos usando as máscaras, lavando as mãos a cada uma hora, abrindo janelas e portas e deixando que o sol entre por toda a casa. Recomendações simples e que ajudam a não propagação do vírus.

*Andréa D’Andrea é jornalista, mora com o marido e os dois filhos em Atizapán de Zaragoza, cidade satélite da Cidade do México, onde tem suas atividades.


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