Caros, embora seja sexta-feira, dia de assuntos mais leves, sugestões para o final de semana, etc., existem temas que insistem em retornar à pauta, e não posso deixar passar batido. Sempre soubemos que nosso Congresso Nacional abriga seres de todas as correntes políticas e ideológicas possíveis e imagináveis. Até aí, tudo bem, representatividade é isso mesmo, é o que se espera da Câmara dos Deputados e do Senado. A liberdade de expressão de seus membros é garantida por imunidade parlamentar, o que também se justifica, não se pode calar ninguém lá dentro, mesmo que represente uma minoria. Igualdade política é necessidade fundamental em uma democracia. Mas, o Diabo muitas vezes mora nessas três letras -, existem limites para tudo. O próprio Congresso tem seu regimento interno, e suas comissões parlamentares de ética e prerrogativas para analisar os eventuais limites a esses direitos. Existirem é algo, funcionarem é outro. Lembro de que o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) , que nunca teve pudor algum em defender a tortura, e combate os homossexuais com os mais baixos argumentos, foi membro da Comissão de Direitos Humanos, e essa semana ofendeu Preta Gil, ao vivo e em cores na televisão. Preta é maravilhosa, eu a adoro, é negra nas origens e no nome, orgulha-se disso, o que eu acho lindo, e, fundamental, sabe se defender, já está com sua matilha de advogados agindo em juízo contra o parlamentar meliante.
Pois acaba de surgir outro, também deputado federal, empresário, e pastor evangélico, Marco Feliciano (PSC-SP), que botou por escrito, em seu Twitter, que os africanos são oriundos de um continente amaldiçoado por Noé, o que se comprova pelas doenças oriundas de lá, como Aids, Ebola, e a própria fome. Acreditam? Sua defesa segue argumento ainda mais fantástico: “Não é racismo, é uma questão teológica”. Talvez tenha sido, mas nos tempos de Tomás de Torquemada, o inquisidor que mandou metade da Espanha para a fogueira, nos idos do século XV. A própria Igreja Católica, que absolveu Galileu Galilei cinco séculos depois de condená-lo por afirmar que a Terra era redonda, reconheceu os abusos e erros daquela época.
Descrente total do nosso judiciário como sou, bem como das instituições corporativas internas do Congresso, recorri à ONU para defender os diretos dos negros e homossexuais, agora recorro a Joseph Ratzinger (não consigo chamá-lo de Bento) e o próprio frade inquisidor espanhol. Quero que o segundo mostre o contexto em que vivia, no qual esses argumentos eram aceitos, e, o segundo, para confirmar que não são mais aceitos nem por eles. E vocês bem sabem o que penso sobre nosso Papa. Abraços do Cavalcanti.
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