Em SP, Jane Fonda fala de traumas do passado e da felicidade na velhice

 

Para a atriz norte-americana Jane Fonda, 74, há duas metáforas possíveis para se pensar na “trajetória na vida”; a do arco, na qual a velhice é vista como uma queda, ou seja, algo negativo; e a da escada, na qual o aprendizado nunca cessa e a velhice é o ponto alto, de sabedoria e serenidade. É baseada na segunda metáfora que Fonda escreveu “O Melhor Momento”, livro que sai agora no Brasil e que foi tema de sua palestra no 7º Fórum da Longevidade (organizado pelo Bradesco Seguros). O evento aconteceu nesta terça-feira, dia 27, em São Paulo.

Lendo um texto que mais parecia um livro de autoajuda, Fonda disse nunca ter se sentido tão feliz e vibrante quanto hoje em dia. “Não quero romantizar o envelhecimento, mas, quando se é mais velho, você fica também mais leve. Eu não fico mais estressada, por exemplo, porque consigo ver as coisas do ponto de vista dos outros.”

Durante as quase duas horas de fala, foram alguns poucos comentários sobre a “realidade brasileira” – como quando comentou o ótimo almoço que teve no luxuoso Figueira Rubayat. O discurso de Fonda parecia pronto para ser lido em qualquer canto do mundo – ao menos, do mundo ocidental. “A vida inteira é uma incerteza. Eu sei que brasileiro é muito bom com incerteza. Vocês vivem com incerteza”, falou, demonstrando seu conhecimento sobre a cultura nacional.

Algumas das receitas de Fonda para uma boa velhice: ter uma boa rede de amigos (o que é mais fácil para mulheres, segundo ela); permanecer fisicamente ativo; saber “deixar para lá” o que for irrelevante; e ter amigos mais jovens – “pelo menos quando eu estiver no leito de morte, eu vou ter amigos vivos do meu lado.”

Com tudo isso, e fazendo sempre uma boa “revisão” do passado, pode-se chegar muito bem até uma idade avançada, como um sujeito que ela conheceu. “Um cara de 105 anos falou que minha bunda era linda”, disse. E completou: “Acho que é mais fácil encontrar humor quando você está velho”.

Traumas

Fonda falou sobre questões íntimas de sua vida, ressaltando a importância de olhar para o passado para poder melhorar o presente e o futuro. “Minha mãe se suicidou quando eu tinha 12 anos. Eu procurei os médicos para saber um pouco mais sobre ela, e descobri que ela tinha sido abusada sexualmente quando tinha 8 anos por um professor de piano. Quando descobri isso eu entendi ela, eu vi que não era culpa minha.”

Falando um pouco de política, por fim, a atriz explicou porque gosta de Barack Obama – “porque ele tem a cabeça e o coração ligados” – e, se arriscou, com timidez, a falar da presidenta Dilma Roussef. “Vocês tem sorte de ter essa mulher, ex-revolucionária, que também tem a cabeça e o coração ligados.” E titubeou: “Não? Bom, não vou entrar em questões políticas”.


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