Em um ano, Muricy vai do céu ao inferno

Três vezes eleito melhor técnico do Brasileirão, três vezes seguidas campeão nacional pelo São Paulo, Muricy estava no auge da sua carreira quando fui entrevistá-lo no começo do ano passado para a revista Brasileiros. Conversamos um tempão no CT do São Paulo, na Barra Funda, enquanto os jogadores chegavam para mais um treino.

Bem humorado e falante, Muricy Ramalho falou da sua vida de moleque e de jogador de futebol, que começou na escolinha do São Paulo, dos muitos times por onde passou e das tropelias da sua passagem como técnico na China, dos muitos títulos conquistados dentro e fora dos gramados. Saí de lá com um título na cabeça para resumir aquele momento vivido pelo personagem: “O VENCEDOR”

Meses depois, ele foi sumariamente demitido do São Paulo, que já havia contratado Ricardo Gomes, e logo seria contratado pelo Palmeiras, com um salário de grande estrela do futebol brasileiro. Agora, ele acaba de ser demitido do Palmeiras depois de tomar um chocolate de 4 a 1 do São Caetano em pleno Parque Antarctica. Fosse entrevistá-lo agora novamente, o título certamente seria o oposto: “O PERDEDOR”.

Em menos de um ano, o técnico marrento, que trabalha muito e não faz média com dirigentes nem com jornalistas, foi do céu ao inferno, sem escalas, depois de deixar escapar o brasileirão de 2009 que parecia ganho a poucas rodadas do final.

Dizem os mais antigos que o futebol é uma caixinha de surpresas, assim como a vida de todos nós. No caso de Muricy, que já conquistou tantas glórias e dinheiro com o futebol, talvez seja o caso de dar um tempo e passar uma temporada só assistindo futebol, para entender o que foi que aconteceu com ele e reencontrar seu caminho de vencedor na bola e na vida.


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