Em virada espetacular, Brasil perde o ouro

O Brasil é prata no vôlei masculino em Londres 2012. A equipe perdeu de virada para a Rússia neste domingo, dia 12, por 3 sets a 2 (parciais de 25 a 19, 25 a 20, 27  a 29, 22 a 25 e 8 1  )  e perdeu a chance de conquistar nestas Olimpíadas o tricampeonato olímpico. Os meninos ainda viram os russos se distanciarem no quadro de medalhas do esporte, com quatro ouros na história (três deles conquistados como União Soviética).

O Brasil chegou a ter dois match points no terceiro set, mas não soube aproveitar a vantagem. A Rússia ressurgiu e partiu para uma vitória espetacular. Esta é a primeira vez que uma virada acontece numa final olímpica.

Apesar da prata, o vôlei nacional deixa as Olimpíadas com quatro medalhas, uma dourada, com a vitória no vôlei feminino indoor, duas de prata, com os meninos da quadra e com a dupla Alison e Emanuel na praia, e uma de bronze com Juliana e Larissa, também na praia.

Tal qual as meninas, campeãs no sábado, dia 11, a seleção masculina não chegou à Londres como favorita. O time nacional não fez um grande ciclo olímpico e também não foi bem na primeira fase, quando perdeu para os Estados Unidos por 3 set a 1 e para a Sérvia por 3 sets a 1. Havia quem apostasse no fim da hegemonia nacional. A realidade é que, desde 2001, nenhuma outra seleção de vôlei ganhou tantos títulos quanto o Brasil masculino.

Apesar da campanha de superação, a prata deixa um gosto amargo para uma incrível geração do voleibol nacional, que viu em Londres a seleção feminina, que durante anos teve se conviver com a fama de “amarelonas”, conquistar pela segunda vez na história do esporte brasileiro um bicampeonato olímpico (o único a conquistar o feito havia sido Adhemar Ferreira da Silva, ouro no salto triplo em Helsique 1952 e Melbourne 1956).

O JOGO

O Brasil começou usando muito suas bolas de velocidade e pressionando muito no saque. A vantagem conquistada no placar botou pressão nos russos, que pareciam assustados com a pressão imposta pela seleção brasileira masculina de vôlei. O país jogava melhor e mais tranquilo, enquanto a Rússia tentava reverter o placar em saques forçados. Sem resultado. Muito marcada e sem alternativas no ataque, os russos chegaram a ceder seis pontos de vantagem, e sem ameaçar o Brasil em nenhum momento terminaram o set perdendo por 25 a 19.

O segundo set também começou com domínio brasileiro, que continuava com maior volume de jogo. Os russos até ensaiaram uma reação, comandado pelo atacante Tetyukhin. A partir da metade do set o Brasil viveu um momento de intranquilidade na recepção, e a vantagem confortável na pontuação diminuiu. A partida ficou mais equilibrada, e os russos  davam muito trabalho, valorizando cada ponto brasileiro. O 21, por exemplo, veio em um rally emocionante, e o set acabou em 25 a 20.

O equilibrio do fim do segundo set voltou para o terceiro. A Rússia veio para o tudo ou nada e, apesar de um começo melhor do Brasil, não permitiu que seus rivais se distanciassem no placar. Mais do que nunca a partida era disputada ponto a ponto.  O Brasil permanecia na liderança, mas os russos não deixavam a seleção desgarrar na contagem do placar.

Nossa seleção parecia desconcentrada pela possibilidade de título. O final de set foi dramático, com um empate persistente e a tensão pela possibilidade de ceder um set e adiar a medalha. E foi o que aconteceu. O Brasil perdeu chegou a ter um golden medal point, mas acabou deixando a Rússia a assumir a liderança do set, que parecia não querer terminar.  A partir daí o Brasil não voltou a liderar, e os russos venceram o set por 29 a 27.

O sufoco continuou no quarto set, e a partida permanecia disputada ponto a ponto. A seleção russa mal parecia a mesma que havia perdido com tamanha facilidade nos dois sets iniciais do jogo. A recepção brasileira se mostrava insegura, e os russos foram ganhando cada vez mais confiança. De ponto a ponto, os russos passaram a dominar o jogo e abriram vantagem de cinco pontos, trocando com o Brasil o papel de senhor do jogo que a seleção tinha no começo da partida. O time nacional até chegou a se recuperar no final, mas os russos fecharam em 25 a 22 e levaram a partida para o tie-brake.

Mas o bom momento do Brasil no final do quarto set não continuou no set final, onde os russos abriram logo no começo uma vantagem de três pontos. Tudo que os brasileiros faziam com uma dificuldade monumental, os russos faziam com facilidade e leveza. O tie-brake terminou em lavada russa, 15 a 8.