Encontros com pessoas notáveis

NEY MATOGROSSO – “A Dança da Lua” foi composta para ele. Eu a roubei. Quando lhe contei, ele riu e ainda gravou junto.

WAGNER TISO – quando me viu pela primeira vez, eu enlouquecida, cismou que eu era uma fã. Foi um custo para me aproximar dele.

LUIZ GONZAGA JR. – compusemos “Surpresas” em uma tarde de verão no Castelo de São Jorge, em Lisboa, em 1987, 1988, que entraria em O Amor É Cego e Vê, só que teve o acidente (Gonzaguinha morreu em 1991 num acidente de carro). Passados uns anos, Wagner me ajudou a recuperar a fita e eu e Gonzaguinha fizemos um dueto virtual.

KLEITON – “Vira Virou”, sucesso de Kleiton e Kledir, foi composta para mim na cozinha de casa.


CAETANO VELOSO – a melodia para meu poema “O Meu É Assim” chegou no último dia de gravação de Águas de Todo o Ano. No estúdio estavam Wagner Tiso, Ricardo Silveira, Paulinho Braga, Robertinho Silva e Mauro Senise, que ouviram a música e fizeram um arranjo, maravilhoso, de primeira. Quando voltei a ouvir a fita de Caetano, um ano depois, descobri que tinha 15 minutos de explicação e acabava dizendo “se vocês gostarem é assim ou podem fazer como quiserem. Um beijo”.
Quis morrer.


NELSON MOTTA – dividi com ele o programa de televisão Atlântico, em 1998. Foram 14 episódios apresentados pela RTP em Portugal e pela TV Cultura no Brasil, sempre com duplas, tipo Marisa Monte e Cesária Évora, Dulce Pontes e Simone, Né Ladeiras e Chico César. Em 1984, havia pedido que ele fizesse uma versão em português para “E Po Che Fá”, do napolitano Pino Daniele. Como não gostei da letra, não gravei. Logo depois ele pediu que eu a cedesse para uma cantora nova que estava produzindo. E Marisa Monte gravou a tal versão que também já havia sido recusada por Marina Lima. Era “Bem que se Quis”.

AUGUSTO BOAL – trabalhava com ele no Teatro da Barraca, em Lisboa. Como não tinha gravador, foi em minha casa que ouviu pela primeira vez “Meu Caro Amigo”, música de Chico dedicada a Boal e que diz “mando notícias nessa fita” e “a Marieta manda um beijo para os seus / um beijo na família, na Cecília e nas crianças…”. Com ele estavam a Cecília e as crianças.


MILTON NASCIMENTO – discreta, me referi vagamente às calúnias que haviam feito contra mim. Milton gargalhou. “Que maravilha, é a glória”, dizia. “Você comeu todo mundo, eu, o Caetano, o Chico, o Ney, a Gal, a Simone! Você tem uma capacidade, hein, Eugeninha, que maravilha!” Isso é o Brasil. Em Portugal, estava querendo cortar os pulsos.


EGBERTO GISMONTI – pedi-lhe dois arranjos acústicos para o disco de Vinicius. “Modinha” veio eletrônica e “Canção do Amor Demais” simplesmente punk. Telefonei de Lisboa para Gismonti no Rio e ouvi: “ô, Eugeninha, você já viu vôo de asa-delta? Nunca? Pois é, imagina que já voou, fecha os olhos e se joga, vai ver que dá certo”. Se não fosse o Tiso…

CHICO BUARQUE – o Chico é muito educado, muito fino, mas sua timidez desaparece quando se trata do trabalho dele. O “não” dele é muito educado, mas é firme. Um dia virou para mim e perguntou: “você tem certeza de que não tem nenhuma do Edu Lobo aí no meio? Por que se tiver ele manda matar você e a mim”. Mas não tinha.


TOM JOBIM – Chico pediu um horário meu no estúdio para gravar com Tom “Choro Bandido”, para o songbook de Edu Lobo. Concordei na hora. No dia marcado, Tom chegou mais cedo e me pegou ouvindo as fitas com as músicas que eu havia gravado. “O que é isso?”, perguntou. “É sua, estou gravando um disco com músicas de Vinicius e 90% são parcerias com você”. E ele: “e por que é que eu não estou nesse disco?”. E eu: “ora, porque eu não convidei”. Nossos filhos tinham a mesma idade e estudavam juntos, mas eu nunca confundi as coisas. No dia seguinte, lá estava Tom gravando “Canta, Canta Mais” comigo. Por sua conta e risco.


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