Entrevista com Moacyr Alves Júnior

Moacyr Alves Júnior sempre foi um aficionado por jogos eletrônicos. Filho único, frequentemente era deixado sozinho em casa, já que seus pais viajavam muito a trabalho e não tinham condições para pagar uma empregada doméstica. Mas não havia perigo, pois o clássico Atari era a garantia de companhia e de que o então garoto não sairia da frente da televisão. [nggallery id=14194] O tempo passou, ele cresceu, se formou em administração e hoje, aos 37 anos, comanda uma rede de estacionamentos e um escritório de contabilidade. Mas nem por isso deixou de lado sua paixão por games. Muito pelo contrário. O que antes era um passatempo, virou coisa séria e ele se tornou um dos maiores colecionadores e conhecedores de games no Brasil.LEIA MAIS:
Brincando com coisa sériaQuem gosta de games sabe que esse não é um hobby barato, principalmente no Brasil. A carga tributária em cima de jogos eletrônicos no País é de 80%, o que torna os preços inacessíveis para grande parte dos brasileiros. Um absurdo. Nos Estados Unidos, por exemplo, a taxa tributária sobre o valor do jogo é de apenas 6%. Não por acaso, os americanos lideram o mercado mundial do segmento, enquanto o Brasil não é o primeiro nem na América Latina.Enquanto nada é feito, a pirataria cresce assustadoramente, assim como o chamado mercado cinza, ou seja, produtos importados que entram no Brasil sem que se pague imposto. Conclusão: o País não ganha nada com isso.Para tentar mudar o cenário no País e, principalmente, explorar o imenso mercado potencial que o Brasil tem, Moacyr desenvolveu o projeto Jogo Justo, uma iniciativa para que a taxa absurda caia para padrões normais e, assim, o consumidor tenha condições reais de comprar o produto. O site da Brasileiros conversou com o criador do projeto para saber como surgiu a iniciativa, quais as conquistas e os planos para o futuro.Leia trechos da conversa com Moacyr Alves Júnior, idealizador do projeto Jogo Justo:Brasileiros – Como surgiu a ideia do projeto Jogo Justo?Moacyr Alves Júnior – A ideia de criar o Jogo Justo foi bem simples. Eu sou colecionador de games e, desde que me conheço por gente, os preços são absurdamente altos. Mas você é muleque, ainda não leva muito as coisas a sério e vai deixando passar. Há uns quatro anos, eu virei colecionador de games mesmo e comecei a comprar muito de fora, porque o preço é extremamente mais leve, é outra coisa. Um belo dia, entrei em uma loja, acho que na Fnac e vejo o preço dos jogos a R$ 250! Pensei na hora: tenho que fazer alguma coisa para isso diminiur, não tem cabimento esse preço! E foi assim que começou a nascer o projeto Jogo Justo.Brasileiros – Você já comprou game pirata?M. A. J. – Já. Mas por que você apela para a pirataria? Justamente por causa dos preços. O álibi do pirateiro é o que? O jogo original é muito caro, compra o meu que é mais barato. Comecei a perceber que isso estava errado. Há dois meses, fui para os EUA e comprovei que a coisa lá é muito diferente daqui, os jogos são bem mais em conta. O imposto em cima deles é de 6%! Aqui é 80%!Brasileiros – No projeto, quanto vocês pretendem abaixar a carga tributária em cima de games?M. A. J. – Nossa intenção é abaixar a carga tributária, que hoje é de 80%, para 15%. Ou, quem sabe, baixar mais ainda. Eu gostaria mesmo do patamar americano/japonês, que é de 5% a 7%. Mas, falando de Brasil, o negócio fica muito mais complicado.Brasileiros – A redução significaria quanto no preço?M. A. J. – Se fosse 15%, eu diria que as lojas conseguiriam acordos com as distribuidoras por conta da quantidade muito maior que iriam comprar e, assim, os preços cairiam um pouco mais e chegariam próximos a R$ 100.Brasileiros – Você acha que, com o projeto aprovado, podemos aquecer o nosso mercado a ponto de começarmos a produzir jogos aqui no Brasil?M. A. J. – A minha intenção maior é essa. Eu quero justamente fazer um negócio forte, para que as grandes empresas venham pra cá e a gente possa trabalhar, aprender com elas e assim formar o nosso próprio nicho no mercado de games.Brasileiros – Você acha que o Jogo Justo poderá acabar com a pirataria de jogos eletrônicos no Brasil?M. A. J. – A pirataria é um problema cultural. Quem compra produto pirata acha que está tendo uma grande vantagem. Porém, tem o outro lado. As empresas também lutam contra a pirataria. Acabar, não vamos. Mas dar uma grande paulada nela isso vamos conseguir!


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