Brasileiros - O que o motivou a fazer o filme?
Henrique Goldman -Por alguma razão, eu me identifiquei com essa história. Eu sou fascinado por outsiders. Todos os filmes que eu faço acabam, de um modo ou de outro, retratando os estrangeiros, gente estranha em terras estranhas. E essa história é isso, do brasileiro aqui em Londres. Começamos a investigar a vida dele – não no sentido policial -, para saber quem era o Jean Charles. Eu descobri muitas coisas em comum entre nós.
Brasileiros - Como você descreveria o brasileiro Jean Charles?
H. G. -É uma pessoa bem contraditória, complexa, interessante também.
Brasileiros - O filme culpa a polícia pela morte de Jean Charles?
H. G. -No fundo, o filme é um libelo contra a polícia. O tema principal não é a polícia, mas a gente espera que a revolta das pessoas contra a polícia seja maior ainda.
Brasileiros - Como foi a aproximação de vocês com a família? Como eles estão colaborando com o filme?
H. G. -A família do Jean, especialmente os primos, sofreu muito. Claro que os pais também sofreram, mas o filme é sobre os primos que estavam morando aqui com ele. Eles foram tratados muito mal pela imprensa, pela polícia, eles foram usados. No princípio, com razão, eles tinham muitas suspeitas sobre quem iria fazer o filme, o que é totalmente compreensível. Com o tempo a gente se aproximou. Eles todos, de uma maneira ou de outra, colaboraram com o filme.
Brasileiros - Como foi a experiência em trabalhar com não-atores?
H. G. -Um tesão! Não tem outro jeito de dizer. É que esse filme tem toda uma dualidade. Por um lado é baseado em fatos reais, mas em nosso roteiro nós ficcionalizamos esses fatos. Por um lado a gente tem atores que nunca trabalharam e pessoas que fazem papel de si mesmas, e, por outro, a gente tem Selton Mello e Vanessa Giácomo. Por um lado é um filme brasileiro, por outro, é um filme inglês. Ele é um filme cheio de dois lados.
Brasileiros - É um filme realista?
H. G. -É realista, sim. É um filme mil por cento fiel a quem Jean Charles era, ao seu mundo e ao seu espírito.
Brasileiros - Qual a maior dificuldade na produção do filme até o momento?
H. G. -A dificuldade normal, que é levantar dinheiro para pagar o filme. Nós estamos com esse projeto há pouco mais de dois anos, o que em termos cinematográficos nem é muito tempo.
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