Foto Divulgação
A equipe do neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis, no Centro de Neuroengenharia da Duke University, nos EUA, anunciou hoje um avanço significativo nas pesquisas que têm como meta devolver os movimentos a portadores de paralisia. Segundo a universidade americana, ao registrar quase 2 mil células cerebrais ativas em um primata, os pesquisadores atingiram “um novo marco nas experiências da neurociência”.
Trata-se da maior amostra de atividade elétrica cerebral produzida por neurônios interconectados, num total de 1.874 neurônios. “Até recentemente, só era possível registrar a atividade de um a dois neurônios por vez, e levaria anos até que fosse possível coletar a quantidade de dados neurais que estamos registrando em uma única tarde”, comemorou Mikhail Lebedev, pesquisador sênior do laboratório de Nicolelis.
O trabalho torna mais próxima a meta de Nicolelis e seus parceiros, que formam o consórcio científico internacional batizado Walk Again Project (Projeto Andar de Novo), que pretende construir um exoesqueleto de corpo inteiro, que permitirá a um portador de paralisia recuperar as habilidades motoras e sensoriais utilizando a atividade cerebral para controlar o equipamento. O Walk Again Project pretende revelar a primeira versão do exoesqueleto na cerimônia de abertura da Copa do Mundo de Futebol, em 2014.
“A precisão das neuropróteses para ajudar pessoas com deficiência motora melhora claramente com o número de neurônios. Para obter uma alta performance nesses aparelhos, nos múltiplos graus de liberdade de movimentos, temos de atingir milhares de neurônios”, diz Nicolelis. “Esta é a primeira vez que registramos mais de mil neurônios do tecido córtico. A mais avançada tecnologia usada para obter esses registros, incluindo nossa interface sem fio de alta densidade, abre novas oportunidades para nosso trabalho neuroprostético.”
Desde a publicação de seus estudos pioneiros em interfaces entre o cérebro e a máquina, no fim dos anos 1990, Nicolelis e sua equipe têm trabalhado para registrar maiores amostras simultâneas de células córticas, para produzir mais naturalmente as funções dos aparelhos neuroprostéticos.
O próximo passo, segundo a Duke University, é a incorporação da tecnologia de interface cérebro-máquina a um exoesqueleto criado pelos pesquisadores liderados pelo cientista Gordon Cheng na Universidade Técnica de Munique.
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