Caros leitores,
não sei se foi o espírito da Páscoa, mas fiquei muito feliz com o alto nível da maioria dos comentários publicados de ontem para hoje sobre o tema da intolerância que levantei no post de domingo. Tomara que continue assim no resto do ano. Nesta segunda-feira, passarei o dia fora fazendo uma reportagem para a Brasileiros. Por isso, só à noite voltarei à moderação dos comentários.
Boa semana para todos.
Um abraço,
Ricardo Kotscho
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Os assuntos mais comentados pelos leitores durante a semana:
Balaio
O vexame do Santos fora de campo: 1.203
Henrique Meirelles fica: 296
O poder da imprensa: 207
Folha
Educação: 114
Eleições: 77
Caso Nardoni: 63
Veja ( a revista não publica mais o número de comentários recebidos)
Caso Isabella
Roberto Kalil
Ideologia na educação
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São dez e meia da manhã deste domingo de Páscoa chuvoso em São Paulo. Fui dormir tarde e acordei cedo hoje para liberar os comentários do post publicado ontem sobre o vexame que alguns badalados jogadores do Santos deram ao se recusar a visitar crianças e adolescentes com paralisia cerebral no Lar Espírita Mensageiros da Luz, alegando motivos religiosos.
Nem pretendia atualizar o Balaio no meio do feriadão, mas a notícia publicada pela Folha me causou tal indignação que resolvi escrever um breve comentário antes do almoço. Jamais poderia imaginar tal repercussão, a maior provocada por um post publicado no blog nestes primeiros meses de 2010.
Antes de começar a escrever, já tinha liberado mais de 1.200 comentários e havia mais de 50 na fila aguardando moderação. Fiquei assustado com o grau de agressividade dos comentários, tanto contra a atitude dos jovens ídolos santistas, como na discussão entre os seguidores de diferentes credos, o que me levou a levantar a questão no título desta matéria: estamos ficando mais intolerantes?
Para quem acompanha este blog há mais tempo, tornaram-se comuns os debates mais acalorados quando o tema é político, ainda mais neste ano de disputa eleitoral. Já tratei aqui, dois domingos atrás, da guerra suja da campanha eleitoral na web, com os defensores das candidaturas do PT e do PSDB agredindo-se mutuamente, como se eleição fosse uma questão de vida ou morte.
Constato agora que o clima de beligerância na nossa sociedade não se limita só à política. Juntar futebol e religião no mesmo texto, em razão do triste episódio protagonizado por Robinho & Cia., acabou revelando um contencioso ainda mais explosivo.
Não sabia que já tinhamos chegado a este ponto, confesso. A grande maioria dos comentários publicados, sem falar nas centenas que fui obrigado a deletar, revela, como os leitores poderão notar, um festival de preconceitos arraigados de toda ordem, sejam religiosos, sociais ou raciais.
Para atacar os jogadores do Santos, atribuiu-se à sua cor e origem social, e não só ao fato de muitos deles serem evangélicos, o ato de intolerância ao se negarem a descer do ônibus do clube para levar ovos de Páscoa a 34 crianças carentes numa ação de benemerência promovida por um dos seus patrocinadores.
De um lado, o futebol colocou os santistas contra os torcedores de todos os outros times, o que é natural; mas, de outro, criou-se um Fla-Flu entre evangélicos de diferentes denominações, os espíritas e os que professam as demais religiões. Por um momento, ao ler os comentários, diante do fanatismo religioso de muitos leitores, senti-me no Oriente Médio, palco de tantas guerras provocadas pela intolerância.
Faço apenas este registro, a partir de um debate sobre o que aconteceu em Santos esta semana, mas gostaria muito que um dos nossos grandes institutos fizesse uma ampla pesquisa sobre o tema. Enquanto isso não acontece, convido os leitores a responderem à pergunta que faço no título. Você também está ficando mais intolerante?
Boa Páscoa para todos.
Em tempo: agora à noite, no segundo tempo do jogo entre Santos e São Caetano, a Sportv informou que o Santos decidiu fazer nova visita ao Lar Espírita Mensageiros da Luz, desta vez com todos os jogadores e sem imprensa. Bela notícia. Sempre é tempo de corrigir um erro, principalmente quando se é jovem como os craques santistas, aqueles que se recusaram a descer do ônibus na semana passada para fazer uma visita às crianças.
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