Os Estados Unidos voltaram a ficar em alerta nesta segunda-feira (29) depois que um paciente recém-chegado de uma viagem ao continente africano foi internado em um hospital de Dallas, no Texas, com sintomas de ebola. A instituição informou que vai divulgar os resultados dos exames nesta terça (30), mas manterá o homem em isolamento total até os dados serem conhecidos.
A notícia surge um dia depois de Bill Gates, criador da Microsoft e considerado o homem mais rico do país, segundo a revista Forbes, elogiar a postura de Barack Obama no combate ao vírus na África Ocidental, durante uma entrevista ao canal CNN, que repercutiu na imprensa estadunidense. “Houve algum outro governo que tomou medidas decisivas antes de nós? Existe alguém que esteja pesquisando uma vacina para termos certeza que este surto não voltará a acontecer? Os Estados Unidos são o líder na capacidade de ajudar nestas áreas. Eu acho que o ebola não vai chegar ao nível do HIV, porque estamos acelerando os modos de combate e não vamos deixar isso acontecer”, disse ele.
Segundo o último relatório da Organização Mundial da Saúde, divulgado no dia 26 de setembro, 3.91 pessoas morreram em cinco países da África, com cerca de seis mil casos confirmados. A Libéria segue sendo o país com o maior número de mortos e de casos, mas preocupa o crescimento do vírus na Nigéria, onde oito pessoas já morreram.
Órfãs
Pelo menos 3,7 mil crianças da Guiné-Conacri, da Libéria e de Serra Leoa ficaram órfãs, tendo perdido pelo menos um dos seus pais, devido ao vírus ebola, indicam estimativas do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) divulgadas nesta terça-feira (30). O Unicef alertou que, como a epidemia se intensificou nas últimas semanas, o número de órfãos por causa do vírus pode duplicar até meados de outubro.
“Sabemos que os números que temos são apenas a ponta do iceberg”, disse Manuel Fontaine, diretor regional do Unicef para a África Ocidental, em uma videoconferência a partir de Dacar, capital do Senegal. Um dos principais problemas enfrentados por esses menores é o repúdio por parte da família por receio de que possam transmitir a doença.
“Vemos que alguns familiares ou vizinhos lhes dão de comer, mas poucos querem acolhê-los”, disse Fontaine, salientando ser “raríssimo na África que a família não assuma o cuidado das crianças”, o que “mostra o medo que reina”.
Diante da situação, o Unicef está tentando criar centros infantis para acolher os órfãos. Uma das possibilidades é que os que sobreviveram ao vírus fiquem encarregados das crianças. De acordo com os dados divulgados pelo Unicef, dos mais de 3.100 mortos por causa do ebola, 15% eram menores de 15 anos.
As Nações Unidas informaram que de um total de US$ 987 milhões solicitados para a luta contra o ebola, apenas US$ 254 milhões foram recebidos até agora, o que corresponde a 26%. Em seis meses, o ebola infectou 6.553 pessoas, na maior epidemia da doença registrada desde que o vírus foi descoberto em 1976 no antigo Zaire, que é atualmente a República Democrática do Congo.
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