Evento sobre economia criativa lota o Sesi

O coquetel de lançamento do livro Cidades, Soluções Inventivas, de Ana Carla Fonseca, encerrou o primeiro dia do Seminário Internacional SESI-SP de Economia Criativa, Cultura e Negócios. O conceito que se baseia na criatividade das pessoas para gerar empregos, produtos inovadores e crescimento econômico tem sido descrito como a economia do novo século. No Brasil, foi discutido pela primeira vez em 2004, ainda assim, de forma tímida, durante 11ª. UNCTAD (Conferência das Nações Unidas Sobre Comércio e Desenvolvimento). “O teatro quase lotado e o número de perguntas feitas pelos participantes durante todas as palestras são provas de que muito aconteceu nos últimos oito anos. As pessoas estão curiosas. Já é uma realidade aqui também”, dizia uma sorridente Ana Fonseca, que também participou daquele primeiro encontro e é curadora do evento no SESI.

Em sua estréia, o seminário – que também acontece nas unidades do SESI em Campinas e Ribeirão Preto (dias 19 e 20 de abril) – contou com quatro palestras com os temas Economia Criativa, Moda, Clusters e Arte Contemporânea. Com mediação de Gilberto Dimenstein, o inglês John Howkins, maior especialista na área e responsável por cunhar o termo em sua obra, Economia Criativa: Como as Pessoas Fazem Dinheiro Com Idéias (2001), abriu os trabalhos. Hawkins tocou em pontos-chaves como a importância da cooperação entre criativos, empresas e a administração pública, lembrando que “os políticos muitas vezes têm dificuldades para aceitar o conceito de economia criativa, pois a criatividade envolve o risco, e poucos deles estão dispostos a arriscar”. Dimenstein aproveitou a deixa para falar sobre o ano eleitoral e lembrar o manifesto Por Uma São Paulo Criativa, lançado na última semana para chamar a atenção de nossos candidatos para a questão.

Com seu potencial multiplicador de criatividade, a moda é uma das áreas mais caras ao conceito de Economia Criativa. Sobre o tema, palestraram a alemã Annegret Affolderbach, que vem trabalhando a moda étnica de países em desenvolvimento na Europa, e Magna Coeli, da empresa Refazenda, que baseia sua produção na pesquisa da cultura regional com base na sustentabilidade e respeitos às tradições. A curadoria ficou a cargo de Graça Cabral, cofundadora da São Paulo Fashion Week.

Sem uma tradução precisa em português, os Clusters Criativos são locais físicos em espaços urbanos que dão suporte e desenvolvem a criatividade nas mais diversas áreas. Eva Emenlauer-Blömers falou sobre a experiência na cidade de Berlim e sua recuperação pós-queda do Muro. Merece destaque o diretor-geral do Centro Metropolitano de Design de Buenos Aires, Enrique Avogadro, que, sobre a iniciativa de fundar um verdadeiro núcleo criativo em uma das áreas menos assistidas da cidade, deixou uma lição que deveria ser ouvida por certos administradores daqui: “a proposta é que o projeto revalorize o bairro. Esperamos profissionalizar seus moradores para que eles possam trabalhar nas empresas que venham a se mudar para o local, conforme ele for se desenvolvendo. Eles não podem se mudar, senão o projeto só ajuda a especulação imobiliária.”

A série de palestras continua hoje com os temas: Criatividade e Negócios no Espaço Urbano, Games, Legado dos Grandes Eventos e Mercado de Cinema. Entre os palestrantes estão  Charles Landry, Avrill Joffe, Sharada Ramanathan, Martin Smith e Leonardo Brant.

 

 

 


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