Um mês após o impeachment que o destituiu da presidência do Paraguai, o ex-presidente Fernando Lugo declarou neste domingo, dia 22, que irá resistir ao que chamou de “golpe de estado” aplicado pela “oligarquia econômica e política de seu país”. As informações são do portal Terra.
A declaração foi dada através de um comunicado, onde o ex-presidente afirma que não irá desistir de tentar voltar ao poder. “Não vamos retroceder neste momento em nossa luta pacífica para que volte a democracia em nosso país e se anule a paródia que foi o julgamento político de 21 e 22 de junho”, disse Lugo.
O ex-presidente foi deposto do cargo após um julgamento político realizado no Senado do país. De acordo com os senadores, Lugo não desempenhou bem suas funções como chefe de estado. A situação do político se tornou crítica após os confrontos entre policiais e trabalhadores rurais em uma fazenda localizada no distrito de Curuguaty. Seis policiais e 11 camponeses foram mortos durante o confronto que visava retirar os sem-terra da fazenda, cuja propriedade é alvo de disputa entre o governo e o empresário Bras N. Riquelme.
Segundo Lugo, a situação “foi manipulada de maneira vil para justificar a manobra antidemocrática dos parlamentares golpistas”. O político também criticou seu antigo vice e atual presidente do país, Federico Franco. Para Lugo, Franco “deu mostras de que não tem interesse” em investigar o episódio.
“Os que tramaram contra o povo paraguaio esperavam que déssemos um passo em falso e que em nossa legítima defesa frente ao golpe déssemos a eles a oportunidade para provocar mais mortes e voltar a utilizá-las em favor de suas conspirações”, declarou.
No comunicado, o ex-presidente também falou sobre a opção de não se opor com violência ao processo de impeachment, mas reiterou que continuará contestando a decisão. “Optamos conscientemente por não alimentar a espiral da violência e morte. Mas isso nunca significou abdicar de nossa luta pela democracia em nosso país. Não confundam nosso pacifismo com tolerância às violações à democracia”, disse.
O comunicado foi transmitido na sede da Frente Guasú Róga, coalização que ajudou o ex-presidente a se eleger em abril de 2008.Lugo também revelou que se encontrou com dirigentes dos 17 estados do país e que planeja articular a “resistência de luta até a conquista da genuína e verdadeira democracia”.
“Os que estiveram ao lado do golpe são os que lucram com um modelo de país para poucos, onde o destino de nossa gente é a emigração”, reclamou Lugo. “Deram um golpe contra o povo e sua soberania, contra seus interesses e direitos históricos, para entregar o país aos interesses tacanhos de multinacionais, e para defender os interesses clientelistas e de uma classe política atrasada”.
A situação de instabilidade no governo paraguio levou o país a ser temporariamente suspenso do Mercosul e da União de Nações Sul-Americanas (Unasol). A situação política do país também é analisada por parlamentares europeus e pela Organização dos Estados Americanos (OEA), que enviaram emissários para Assunção, capital do país.
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