Agosto não foi bom para o jornalismo brasileiro. Morreu Rodolfo Fernandes, jovem e equilibrado diretor do jornal O Globo, depois de longa batalha contra a esclerose lateral amiotrófica, uma doença neurológica devastadora. Ele era filho de Hélio Fernandes, sobrinho de Millôr e irmão da fotógrafa Ana Carolina Fernandes. Rodolfo ficou conhecido por sua condução equilibrada e ética da redação do jornal e por sua qualidade de caráter.
O jornalismo também perdeu José Meirelles Passos, que morreu dias depois, vítima de um raro câncer no peritônio. Trabalhamos juntos na IstoÉ no final dos anos 1970. Depois – ele repórter, eu fotógrafo, ele no O Globo, eu no Estado – estivemos lado a lado em várias coberturas, como a invasão americana no Panamá, em 1989, e a Guerra do Golfo, a primeira, em 1991.
Quando fizemos a Brasileiros, Meirelles, à distância, agregou torcida, palpites, entusiasmo e ainda descobriu uma cidade chamada Brazil, lá nos EUA, onde era correspondente, e nos mandou uma ótima reportagem, publicada na edição 11, de junho 2008. Ele passa para a história do jornalismo brasileiro como um repórter que aliou competência – ganhou vários prêmios, inclusive o Esso – a um caráter exemplar. E isso é raro.
A outra perda para o jornalismo foi proporcionada pela revista Veja em uma de suas edições deste último mês de agosto. A matéria de capa sobre José Dirceu – nos moldes da News of the World, aquela publicação britânica que teve suas atividades encerradas por uso de grampos ilegais – mostra os riscos de se misturar jornalismo com arrogância, e ainda acrescentar aqueles dotes reservados a quem exerce as profissões de policial, delegado ou juiz. Veja publicou imagens internas de um hotel onde o político do PT tem escritório. Imagens obtidas e publicadas de maneira bem pouco ortodoxa. De se lamentar.
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Em setembro, rememoram-se os 10 anos do atentado às Torres Gêmeas em Nova York. Depois de 11 de setembro de 2001, Nova York mudou, o mundo também. Publicamos nesta edição a história de Wellington Canova, o paramédico brasileiro que se tornou herói no resgate das vítimas dos ataques. Também publicamos imagens de Manhattan antes do dia fatídico. Como a desta página feita, nos anos 1980, aos pés da Estátua da Liberdade.
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