Há uma linha que une a tragédia do Japão à morte de José Alencar. Existe algo em comum entre a maneira com que os japoneses enfrentaram o terremoto e o tsunami de março e a batalha travada pelo ex-vice-presidente da República. José Alencar morreu aos 79 anos em São Paulo, depois de quase 20 cirurgias em 13 anos de luta contra o câncer. Foi destaque da Brasileiros na edição de agosto de 2009 e, muito apropriadamente, Entrevista com um Guerreiro era o título da capa (a entrevista pode ser acessada no www.revistabrasileiros.com.br/edicoes/25/textos/672). O vice-presidente conversou com Ricardo Kotscho, repórter especial da revista, e comigo, no quarto 1106 do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. Voltei no dia seguinte para fazer as fotos da entrevista – entre elas esta que publicamos agora -, pouco antes de ele viajar aos Estados Unidos em busca de alternativas de tratamento. E isso, logo depois de duas cirurgias em apenas uma semana.
Alguma coisa na maneira com que ele encarou seu destino e lutou contra a doença nos remete ao modo com que os japoneses enfrentam as consequências da tragédia retratada na matéria de capa desta edição.
Alencar disse que pouco temia a morte, mas muito a desonra. Os japoneses encaram seu destino com força, tranquilidade, mas, principalmente, com dignidade e com honra.
O sorriso desta página é o elo comum – simbólico, veemente e exemplar – entre duas maneiras de encarar a vida.
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