Está marcada para a próxima quarta-feira, dia 13 de novembro, a exumação dos restos mortais do ex-presidente João Goulart, morto na Argentina, em exílio, no dia 6 de dezembro de 1976. Prestes a completar 37 anos de sua morte, a exumação tem como objetivo descobrir se Jango foi morto por autoridades do regime militar, que na época atribuíram a morte de Goulart a um ataque cardíaco.
No entanto, parentes e amigos próximos do ex-presidente sustentam a tese de que a morte pode ter sido causada pela substituição de medicamentos rotineiros de Goulart, feita por agentes da repressão uruguaia. Investigações conduzidas pela Comissão Nacional da Verdade indicam que o ex-presidente foi uma das vítimas da Operação Condor, montada pelas ditaduras militares do Brasil, da Argentina e do Uruguai para perseguir opositores.
A exumação será realizada no cemitério Jardim da Paz, em São Borja, cidade natal de Goulart localizada na fronteira oeste do Rio Grande do Sul. Foi ali que o ex-presidente foi sepultado por imposição do regime militar brasileiro sem passar por autópsia. Desde então, existe a suspeita de que a morte de Jango pode ter sido articulada pelas ditaduras do Brasil, da Argentina e do Uruguai. Após os exames, que serão feitos em Brasília e em laboratórios internacionais, os despojos voltarão para São Borja no dia 6 de dezembro.
No início de outubro, em entrevista coletiva, a ministra de Direitos Humanos Maria do Rosário afirmou: “Essa é a busca da memória do nosso país, daquilo que nos constitui. A exumação de João Goulart é a exumação da ditadura do nosso país”. Para a ministra não restam dúvidas de que o ex-presidente foi perseguido por agentes da ditadura militar, antes e depois do exílio. Na ocasião, ela afirmou que independentemente do trabalho de pesquisas e do seu resultado há a convicção de que a ditadura o perseguia.
De acordo com Amaury de Souza Jr, perito da Polícia Federal, a exumação toxicológica dos restos mortais do ex-presidente João Goulart será feita por um conjunto de laboratórios internacionais de identificação. O procedimento tem o objetivo de garantir a isenção das informações e desvincular o resultado do Estado brasileiro. A operação terá supervisão do Comitê Internacional da Cruz Vermelha e de peritos internacionais da Argentina e do Uruguai. Técnicos cubanos também poderão se integrar ao grupo.
Hoje, quinta-feira, (7) foi publicada no Diário Oficial da União uma portaria que cria um grupo de trabalho no âmbito da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República para também acompanhar a exumação dos restos mortais do ex-presidente e a realização de exames e atividades periciais. O grupo é composto por representantes da própria secretaria, da Comissão Nacional da Verdade e da Polícia Federal, que vai coordenar a equipe de peritos. Os especialistas designados pela família do ex-presidente também participarão de todos os procedimentos de exumação e análises.
Segundo a portaria, o grupo de trabalho encerrará suas atividades após a entrega do laudo oficial conclusivo das atividades periciais à ministra Maria do Rosário e à Comissão Nacional da Verdade.
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