Família mexicana

Em 2007, a vida me trouxe ao México, onde pude conhecer uma nova cultura, uma nova língua, novos costumes, outra forma de pensar, sentir e fazer. Aprendi que “nahorita” demora mais de um mês, “que te vaya bien” é tchau, “que padre” é uma coisa bonita e “padrissimo”, uma coisa maravilhosa. Aprendi a comer tortillas: de trigo e de maiz (milho), de carnita ou de pollo, mas sempre, sempre com pimenta e guacamole.
[nggallery id=14664]

E mesmo a Cidade do México tendo tanta gente, tanto ruído e tanta poluição, o povo mexicano é doce e de natureza simples mesmo quando é culto e sofisticado. É uma gente colorida que sabe celebrar a vida e a morte. No México encontra-se de tudo da nossa tão famosa “latinidad”. São desorganizados, impontuais, divertidos, comilões, beberrões, formais, machistas, conservadores, orgulhosos, solidários e maravilhosos porque são autênticos.

São, também, extremamente patriotas. Dificilmente, algum mexicano fala mal do seu próprio país. Nos casos de violência, roubo ou sequestros, se dizem muitas vezes surpreendidos com o fato.

Nesses dias pós-tensão da gripe H1N1, já me falaram que tudo não passou de uma invenção, de uma trama, de uma “novela mexicana”.

Enfim, a vida retomou ao México e ao povo mexicano. Já podemos andar sem máscaras. Podemos ir ao Museu de Antropologia, conhecer a cultura milenar dos Toltecas, Olmecas, Mayas e Astecas (eu estava no museu, dia 24 de abril, quando os policiais me mandaram sair porque todos os estabelecimentos públicos estavam sendo fechados).

Podemos voltar a andar pelo Parque de Chapultepec, no coração de DF (a Cidade do México, como eles chama aqui); visitar as pinturas modernistas no Museu de Frida Kahlo; curtir o verão e os artistas de rua passeando pelas praças de San Angel e navegar em Xochimilco, um bairro cheio de canais, conhecido como a Veneza mexicana.

E em meio a toda a turbulência dos dias passados, o México resgatou com a gripe suína sua principal característica: a de um povo extremamente ligado à família. Seguem reunidos ao redor de uma mesa de tacos, dançando e cantando, sorrindo e celebrando o possível controle da epidemia.

Será mais uma história para contar, dentre tantas outras que fazem do México esse lugar cheio de peculiaridades!

*Andréa D’Andrea é jornalista, mora com o marido e os dois filhos em Atizapán de Zaragoza, cidade satélite da Cidade do México, onde tem suas atividades.


Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.