Dia desses caminhava pela 8ª Avenida, no centro de Manhattan, quando uma senhora me parou. Perguntou se eu poderia tirar uma foto dela. Concordei e, quando me preparava para apontar-lhe o seu iPhone, a velhinha sacou da bolsa uma máscara da Marilyn Monroe e a vestiu. Titubeei, em um estado entre o pânico e a gargalhada, mas cumpri minha missão. Felizmente, a modelo não se postou sobre o respiradouro do metrô para que o vento lhe levantasse a saia.

Ainda não havia me recuperado do choque quando um casal de alemães me parou e também pediu fotos. Não vestiram máscaras, mas cercaram uma reprodução miniaturizada em plástico da Estátua da Liberdade. Novamente, apertei o disparador do telefone-câmara. Em seguida, corri para a estação do metrô. Afinal, não sou o Cartier-Bresson.

No trem, mas ainda não a salvo, já que os turistas também estão debaixo da terra, fiquei pensando no ocorrido. Foi quando tive a ideia: por que não comprar um pônei e ficar parado no centro da cidade com meu iPhone em punho?  Freguesia para um lambe-lambe não falta. A prova disso está em Times Square. Aquele lugar está parecendo a Marquês de Sapucaí durante os desfiles de carnaval. O que tem de gente fantasiada se oferecendo para posar para fotos é coisa de desenho animado. Dá-lhe personagens da Disney, da Marvel Comics, da Vila Sésamo, e se bobear até do imaginário do Carlos Zéfiro (procure no Google).

Em março último, um garoto de 3 anos foi empurrado ao chão pelo Cookie Monster (Come-Come, no Brasil). Isso porque a mãe da criança demorou para pagar os serviços da figura. No ano passado, um Elmo saiu pela praça, gritando ofensas antissemitas. Um Mickey brigou com um homem-salsicha, fazendo com que este vertesse sangue – ou catchup. Como se vê, a concorrência está brava.

Porém, acho que um pônei mansinho traria dinheiro em caixa depressinha. Periga até eu comprar e vestir uma roupa de caubói. E por que não? Um dos pioneiros dessa tropa de modelos temáticos foi o tal de Naked Cowboy (o caubói pelado). O sujeito vestia apenas chapéu e botas de vaqueiro, cueca e empunhava um violão. Nada mais. Foi o suficiente para lhe garantir um emprego em Las Vegas e um batalhão de imitadores. Hoje, existem desde duas naked cowgirls – que já andaram se engalfinhando – até um caubói negro (que insistiu em tirar uma foto ao lado da minha sogra, que rumava a um teatro na Broadway).

Eu seria o caubói do pônei. Não seria difícil encontrar um exemplar, já que estão vendendo esses animais em substituição de cães guias para deficientes visuais. Se bem que, pensando bem, uma cavalgadura assim deve exigir uma grana preta para a manutenção. A alfafa para repasto desses acompanhantes de cegos deve estar custando os olhos da cara. Talvez seja melhor encontrar outro animal. Um macaco, por exemplo. Eu sairia vestido de Tarzã – ainda que no inverno teria de me cobrir de peles. Com um símio, o melhor ponto deve ser o Empire State Building. Uma referência ao King Kong (sacou?). Ficaríamos longe da enorme concorrência de Times Square. Além disso, pelo menos no sentido figurado, de mico eu entendo tudo.


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