Febem para eles

Queridos, os quatro menores de idade que participaram da agressão homofóbica na Avenida Paulista deverão ser internados na Fundação Casa, a velha e terrível FEBEM, assim decidiu o juiz da 1ª Vara da Infância e Juventude  de São Paulo, a pedido do Ministério Público Estadual. Lógico que a decisão é de primeira instância, a essa altura já deve ter advogado correndo para entrar com habeas corpus, vamos ver quanto tempo ela se sustenta, se eles realmente vão se entregar. É bem provável que algum desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo bote os moleques na rua novamente, mas batalha é assim, vive-se dia após dia. De qualquer forma, essa decisão já é uma conquista no Brasil, terra da homofobia impune. O caso ganhou uma repercussão incrível, as autoridades estão sob os holofotes, não podem ficar calados. Além de um dever a cumprir, estão em jogo os 15 minutos de fama. As imagens da agressão são brutais, e, por serem muito curtas, apenas alguns segundos, cabem em qualquer edição, os telejornais continuam a exibi-las sem descanso. Para melhorar, os dois seguranças que testemunharam a agressão, confirmaram em seus depoimentos que um dos delinquentes teria dito que bateu “Por que ele era veado”. Homofobia pura, inequívoca, ao vivo e a cores. Não sabemos ainda o que vai acontecer com Jonathan Lauton Rodrigues, o agressor maior de idade, pois são caminhos diferentes, mas estamos pagando para ver.

Mas justiça é paz, e paz é justiça. Não sabemos o que acontecerá com eles na Fundação Casa, a reputação da instituição é terrível, e isso me preocupa, pois eles podem ser agredidos lá dentro, isso seria péssimo para todos. Por mais que estejamos indignados, não devemos buscar vingança, mas justiça como forma de coibir a violência. Isso não pode se tornar um circo romano. As autoridades sabem disso, mas não sei se serão capazes de segurar a barra deles lá dentro. Esse caso deve ser exemplar para que futuros agressores sofram as mesmas consequências sem precisar de tamanha pressão popular, e os homofóbicos pensem antes de agredir os gays. Afinal, nunca se sabe se algum segurança decente vai estar de olho, ou se os onipresentes sistemas de segurança vão registrar o crime. Vamos torcer pelo melhor. Abraços do Cavalcanti.


Comentários

8 respostas para “Febem para eles”

  1. Foi mais do que homofobia, que, por si só, já é uma coisa desprezível. Nem todos os agredidos eram gays. Além dos espancamentos, hoje o roubo de um lavador de carros e pelo menos uma tentativa de homicídio. A quadrilha deve ser exemplamente punida por todos esses crimes, independentemente das motivações homofóbicas.
    Grande abraço.

    1. Fred, a boa notícia é que os quatro já estão internados na Fundação Casa, e o Tribunal de Justiça de São Paulo rejeitou, essa semana, o primeiro habeas curpus em favor deles. Que fiquem lá, e que o maior de idade que os acompanhava também seja preso, pois são, como já demonstraram, péssimaos exemplos para toda a sociedade.
      Abraços do Lourenço

  2. “Afinal, nunca se sabe se algum segurança decente vai estar de olho”. Bem lembrado, Lourenço, e acrescento ainda: ou se não aparecerão muitos suficientemente homofóbicos para darem de ombros com a situação ou até uma forcinha. Lamentável! Em muitas casas noturnas, ditas GLS, por exemplo, há seguranças que não sabem lidar com o público gay e, se não os agridem fisicamente, os submetem a constrangimentos ou falta de tato. Vide alguns casos na Justiça que se arrastam com esse teor.

    1. Fernando, verdade verdadeira – nossa melhor resposta é, sempre, botar a boca no mundo. Isso impediu que o assassinato do Edson Néris caísse no esquecimento dez anos atrás. Impressionante como meganha tem medo de gay, não? Quando acontece de ser destratado, reclamo sempre, já falei com mais de um gerente de casa – aliás, mais de uma vez com o mesmo…
      Abração do Lourenço

  3. A verdade é que filho de classe média ou mesmo classe merda, que seria a expressão mais apropriada, não vai para FEBEM, só vai o coitado pobrezinho, da periferia, assim é a justiça, quem tem dinheiro fala mais alto, infelismente!

  4. Lourenço,
    eu vi a primeira notícia no dia em que a agressão ocorreu e sabe o que mais me deixou indignado? O depoimento na delegacia da mãe de um dos garotos, defendendo o filho, com o seguinte argumento:
    “ele agrediu porque se sentiu ofendido moralmente”… Moralmente? Ele nem deve saber o que isto significa.

    É revoltante ver um garoto daquela idade agredindo outro, e imaginar que ele possa ter respaldo ou até incentivo dos próprios pais.

    O jovem chegou a um estado de selvageria a ponto de espancar mendigo, índio, empregada doméstica, gay por pura falta de orientação e de valores. Grande parte de culpa dos próprios pais.

    Esta mãe muito me admira, pois é uma mulher jovem, bonita e com pinta de bacana, pena que ache que ser mãe é defender o filho mesmo quando ele está errado.

    1. Mateus, teu nome é bílblico, podes procurar no Livro Sagrado que certamente vais achar escrito que: tal pai – tal filho! Você foi na mosca. Abração do Lourenço

  5. Adorei, vou compartilhar! bj, bj, bj!

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