Sanfona ou acordeom? A questão é controversa e prossegue sem consenso, mas a paixão pelo instrumento uniu a todos em um único e animado arrasta-pé durante o 2º Festival Internacional da Sanfona, realizado entre os dias 9 e 15 de novembro.
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No evento, grandes mestres foram homenageados e a boa música tocada por instrumentistas nacionais e estrangeiros embalou as noites às margens do Rio São Francisco, na Concha Acústica de Petrolina, em Pernambuco, e na Orla Nova de Juazeiro, na Bahia.
Em sete dias de festival, uma agenda “arretada” de atividades – e tudo gratuito. Foram oficinas, palestras, exposições, concertos e shows. Ao lado do acervo do Memorial Luiz Gonzaga, Hermeto Paschoal deu início à “forrozada” na noite da última terça (9), no Centro Cultural João Gilberto, Juazeiro.
Outro destaque foi a presença de Mestre Camarão, parceiro de Luiz Gonzaga e considerado patrimônio vivo do Estado de Pernambuco. Além de encarar os palcos, Camarão ministrou oficinas de sanfona durante o festival.
Com 69 anos, e alguns problemas de saúde, o mestre nordestino diz que a vida de sanfoneiro nunca foi fácil, reconhece que está melhorando – e o festival é um sinal disso, porém é preciso mais.
Por essas e por outras, diz que pretende diminuir o ritmo de trabalho. “Estou querendo sombra e água fresca”. Mas já antecipa detalhes da agenda para o próximo ano. Vai estrelar um documentário sobre sua vida e obra ao lado de velhos e novos colegas.
Outros nomes consagrados estiveram presentes, como Dominguinhos e Oswaldinho do Acordeon. Ícones do cancioneiro da sanfona, eles foram devidamente homenageados nesta edição do festival, que também teve participações de Nando Cordel, Renato Borghetti, Cicinho de Assis, Toninho Ferragutti, Orquestra Sanfônica de Aracaju, entre outros.
Uma das novidades desse ano foi o palco móvel, que animou bairros e escolas de Juazeiro com artistas locais. A participação de artistas internacionais também cresceu. Entre os destaques, Mirno Patarini, um dos mais badalados sanfoneiros italianos e o norte-americano Frank Marocco, que já tocou com Madonna e Pink Floyd.
“Ninguém imaginava ver até artistas estrangeiros tocando sanfona na beira do São Chico”, comemora Targino Gondim, curador e idealizador do evento. Além de sanfoneiro dos bons, ele é cantor e compositor de mão cheia. É dele a canção Esperando na Janela, que fez sucesso na trilha do filme Eu, Tu, Eles, e foi premiada com o Grammy Latino, para Gilberto Gil.
Ele conta que a canção veio de forma instantânea, após cantarolar no chuveiro uma música de seu idolatrado mestre, Luiz Gonzaga. “Foi quase psicografada”, brinca.
Apesar da festa, os obstáculos entre a edição anterior e a atual não foram poucos, segundo Gondim. Ainda assim, o festival cresceu e ganhou identidade. “Antes, o evento não tinha credibilidade, nunca havia acontecido, era só a nossa palavra, o sonho. Agora, ele tem força própria”, analisou.
A 2ª edição do Festival Internacional da Sanfona era para ter acontecido em março, conta Celso Carvalho, diretor do evento, mas problemas de captação de recursos e a eleição fizeram o festival ser adiado por duas vezes. “Intenção é firmar uma data para consolidar o festival entre os grandes eventos musicais do ano”, observa Carvalho.
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