Fim de campanha: a rejeição a Marta e ao PT

Os leitores que me acompanham neste Balaio sabem que prefiro escrever sobre coisas boas, exemplos de superação, amigos e experiências que dão certo e histórias com final feliz, mas nem sempre é possível.

Gostaria de não escrever sobre certos fatos, mas não posso brigar com eles. De todo o caudaloso noticiário sobre as campanhas nesta antevéspera do segundo turno das eleições, o que mais me chamou a atenção foi um pé de matéria do “Estadão” com números da última pesquisa Ibope em São Paulo.

Está ali o resultado do cavalo-de-pau que os estrategistas petistas resolveram dar na virada do primeiro para o segundo turno, após o susto de ver Kassab passar à frente de Marta, que vinha liderando folgadamente as pesquisas desde o início da campanha.

A soberba cedeu lugar ao desespero e os números não poderiam ser mais alarmantes: a pesquisa do Ibope revelou que 40% dos eleitores rejeitam o PT e afirmam “não votar nele de jeito nenhum”. Pior ainda é o índice de rejeição da candidata: 50% dos entrevistados não votariam de jeito nenhum em Marta Suplicy.

Ainda ontem escrevi aqui que o voto anti-PT em São Paulo costuma ficar na casa dos 30%, outros 30% votam historicamente no PT e o restante do eleitorado tem que ser disputado a cada eleição.

Mas os rumos tomados pela campanha de Marta, partindo para o confronto e colocando na roda questões pessoais e não só políticas da vida do adversário Gilberto Kassab – por mais que agora se queira negar, foi exatamente isto que se fez ou tentou fazer – só conseguiram aumentar esta rejeição.

Se 50% dos eleitores afirmam que não votariam em Marta de jeito nenhum, isto quer dizer que, independentemente dos números da última pesquisa Ibope (60% dos votos válidos para Kassab e 40% para Marta), ganhar a eleição ficou impossível porque a lei exige 50% dos votos válidos mais um.

Pior do que isto, pois perder ou ganhar uma eleição faz parte do jogo, é a marca negativa que será deixada para a imagem do PT em São Paulo e para a própria Marta em eleições futuras.

Para se ter uma idéia do que significam os 40% da rejeição ao PT em São Paulo, um recorde histórico, no Rio de Janeiro, onde o PT sempre foi fraco e nem chegou ao segundo turno, este índice fica em 14%, menos do que o DEM do prefeito Cesar Maia.

Antes de encerrar, já vou avisando aos leitores que não se conformam com os fatos, que isto não quer dizer que eu esteja fazendo campanha para Kassab ou vá votar nele, até porque meu título eleitoral é de Porangaba, onde já perdi a eleição.

Em lugar de mais uma vez culpar a imprensa, os adversários ou até os eleitores pelo resultado adverso e a rejeição crescente, espero que ao fazer a avaliação desta campanha municipal meus amigos do PT busquem dentro de casa as razões para as sucessivas derrotas políticas e eleitorais na maior cidade do país.


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