Freud, 70 anos depois

Meus caros, hoje vou dar um basta na canhoaria dos últimos dois posts, nos quais este blogueiro defendeu seu sindicato com as únicas armas que possui – palavras e argumentos. O Governador, a bem da verdade, só fez confirmar  o que nós já havíamos dito aqui, posts atrás, sobre homens fracos que miram na sexualidade do adversário quando partem para a agressão. O Ministro defendeu-se bem citando Freud, mas frustrou-me depois, já escrevi sobre isso. Lamento muito que o primeiro post de ontem, no qual falei sobre a maravilhosa sinergia entre mulheres e seus melhores amigos gays, tenha ficado tão escondido pelos outros, e pouco visitado. Convido vocês todos a irem a ele, clicando aqui.

Sigmund fumando
Sigmund fumando

Mas foi só o Ministro citar Freud, que meus indispensáveis colaboradores no site da Brasileiros, Patrícia Rousseaux e Fernando Mello, descobriram que ontem era o aniversário de setenta anos da morte dele, o que eu sequer suspeitava, e enriqueceram meu segundo post com este dado. Não vou explicar a vocês quem foi Freud, se algum de vocês não sabe, morra de vergonha, e Wikipedia já. Eu não sou psicólogo, mas li algo, e digo a vocês que acho Freud bárbaro, pois o trabalho dele visava, fundamentalmente, tornar os homens mais felizes. A descrição freudiana da mente humana, como formada por dois níveis, o consciente e o inconsciente, e as formas que ele desenvolveu para alcançar o segundo nível, a caixa preta à qual não temos acesso, são fantásticas. A interpretação de sonhos, a qual ele dedicou  um livro inteiro, virou mania para muitos de nós, mesmo leigos. Ele estudou muito o uso da cocaína como remédio, e teria arrebanhado uma multidão de pacientes hoje em dia, mas concluiu que a coisa não funcionava, portanto não se animem, ainda vale o post de ontem. Droga por droga, fumou milhares de charutos cubanos vida afora, e morreu de câncer na boca.

Acho importante registrar que, ao contrário daqueles que baixam o nível quando mencionam a sexualidade alheia, Freud soube exatamente elevar o nível ao tratar esse aspecto humano tão elementar, e elaborou uma teoria explicando a formação da sexualidade  – e, portanto, da homossexualidade. Ninguém  explicou  “tesão”, o desejo sexual, como ele! Partindo do trabalho de Freud, outros estudiosos, como Young e Lacan, formaram diferentes escolas da psicanálise. Cada qual  abordou o tema por outros caminhos, e deu diferentes explicações.  O fundamental é que, com base no trabalho de todos eles, a homossexualidade deixou de ser considerada pecado, ou doença, e nós podemos ser mais felizes. Portanto, bibas de meu coração, não paguem mico correndo atrás de cura.  Fundamental na vida é nos aceitarmos como somos, e a psicanálise é um instrumento para auxiliar quem não consegue. Assim como os blogs, desde que não se confunda blogueiro com psicanalista!

E vocês? Já fizeram psicanálise? São contra? Acham que é coisa para loucos?


Comments

9 respostas para “Freud, 70 anos depois”

  1. Sou psicólogo de formação, no entanto atuo com a psicologia no âmbito das artes plásticas. Concordo em geral com o seu post, só tenho porém uma ressalva: infelizmente muito do que eu vi durante o curos da faculdade me levou a infeliz conclusão de que muitos profissionais brasileiros de várias áreaas, neste caso psicologia, estão muito mal das pernas. Fazer terapia é muito bom, dificil esta encontrar profissionais realmente competentes para ajudar ao outro através da sessão. Fico impressionado, pois vi qeu muita gente vai estudar e se formar em psicologia achadno que isso será terapia em sua vida. Confundem faculdade enquant deveriam estar em terapia. Resultado? Profisionais nada profissionais e extremamente dependendes de seus próprios pacientes.

    1. Fabiano, verdade verdadeira. O nível de todos os profissionais agora é baixíssimo, sequer o português sabem escrever. Como se pode esperar que compreendam e ajudem os outros se sequer a si mesmos conhecem?
      Obrigado pela visita e pelo comentário – venha sempre!
      Abração do Lourenço

  2. Eu já fiz e não é coisa de louco não. O que falta é as pessoas pararem com esse preconceito.

  3. Já não consigo mais iniciar o dia, sem antes dar uma espiada por aqui…
    Excelente post, como sempre !
    Excelente blog, até que enfim, já não era sem tempo !
    Parabéns !

  4. Olá, Lando. Chegay.
    Meu caro LC, a homossexualidade nunca foi um problema para mim. E as coisas da vida em geral a gente vai resolvendo com a ajuda das pessoas queridas. Como diria Gabriela, eu nasci assim, eu cresci assim. Mas a sexualidade sempre foi uma coisa relacionada ao pecado, à culpa e muitas pessoas têm dificuldade com isso. Haja vista os comentários dos seus leitores… E não é só isso, tem outros tipos de relação, coisas do trabalho e um mundo de coisas internas com que a gente tem que lidar. Assim, acho que se tem gente que precisa, que gosta, tem mais é que ir para a psicanálise. Eu não sou contra nada nesse mundo, desde que outros não sejam prejudicados. E com ou sem psicanálise, como diria CV, de perto ninguém é normal. Beijas.

  5. Cadê a BA, acho-a uma figura muito centrada também… ela é a minha cara, semre com o astral nas alturas, porém sei que não é fácil manter o pique todo dia… claro que junto com os demais pares deste post que, graças aos céus, ainda há muita gente de bom senso sobre a face da Terra… Agora, aos ignorantes e homofóbicos… Freud neles !!!

  6. Segundo alguns amigos psicólogos… nunca dê sua cabeça pra ninguém entender, pois a mente humana é “lugar onde o homem não pisa”. Porém já fiz terapia… tinha muita culpa porque estava indo pra um seminário, mas bastou passar uma noite neste lugar que percebi que o pecado de fato mora ao lado !!! e não dentro de sua cabeça, nossa sociedade cuja base é católica, nos impoe muita culpa, mas isto é passado, hoje convivo muito bem com tudo isso e viva a diversidade humana, tenho minha sexualidade bem resolvida, igual ao Gus, aos vinte e poucos anos, já sabia o que queria pra mim, confesso que foi até um pouco mais cedo viu !!! aos 18 quando entrei para o Exército Brasileiro… pois lá sim vi o quanto os homens adoram estar em meio a muitos machos, lei da natureza meu bem…, semelhante atrai semelhante e não o diferente. Agora, terapia ou análise, seja lá o que for, pra “transformar” gays em “pessoas normais”… cuidado, pois já temos o 1º caso junto ao CFP, de possível cassação do diploma de uma psicólogaonde a mesma jura ter “curado” muitos gays, igual a muitas igrejas que diziam aceitar o público LGBT e agora, após ter “cativado alguns fiéis gays”… também querem mudar tal forma de vida. Isso sim é um absurdo !!! Pra mais esclarecimentos/informação, leiam a última edição da JUNIOR, onde há 1 matéria sobre “mudança ou salvação” desses seres humanos disvirtuados. Mais um abuso de “poucos loucos e pretenciosos” sobre a vida alheia.

  7. Não…nunca tive vontade de procurar ajuda, pois nunca senti necessidade, minha cabeça sempre foi boa referente minha sexualidade.

    É claro que a infância toda foi voltada a ser hetero etc..etc..Mas desde cedo sabia de minha homosexualidade.

    Como não tinha acesso e também por motivos de sociedade e familia, sai do armário tarde, mesmo ja depois de casado e com filhos.

    Hoje tenho vida normal de homem, porém tenho atração pelo mesmo sexo e estou super feliz assim e não me arrependo de nada no passado.

    Forte abraço.

  8. Bom dia!

    Nunca fiz psicanálise para entender realmente o que (ou quem) eu era em relação à homossexualidade.

    Para mim, depende de cada um. Uns têm facilidade e ou capacidade para se entender melhor, outros não. Quem não consegue, deve sim procurar ajuda, é válido.

    Um grande amigo fez durante um tempo e hoje percebo o quão ele se sente melhor, se entende melhor.

    No meu processo de aceitação, nos meus vinte e poucos anos, busquei dentro de mim o que realmente me deixava contente, satisfeito: o prazer. Não necessariamente o prazer sexual, carnal; o prazer de sentir bem, de se olhar o espelho (“O Espelho”, G. Rosa) e indagar-me: O que sou? Gay? Hétero?
    A partir deste momento parei de ficar questionando e segui meu instinto e permiti-me, aceitei-me, dediquei-me.
    Depois dessa auto-análise, tudo melhorou. Namorei, fiquei, conheci muita gente legal (descartável também) e percebi que a minha homossexualidade não atrapalharia a minha essência e poderia seguir minha vida, convivendo com meus amigos, trabalho, família, escola. Ficou até melhor, admito! 🙂

    Hoje, aos 31 anos, sigo meu caminho, faço minha história. E tenho história, viu!

    Grande abraço,

    Gus
    BHz

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