Frias natalinas

Queridos, além do trânsito infernal, do calor, e dos afazeres de final de ano, que se acumulam com o calendário se esgotando, dando aquela agonia de que não vai dar tempo de acabar, dezembro nos reserva sempre mais alguns pequenos infernos. Refiro-me às festas de amigo secreto dos escritórios e “firmas”, nas quais você fatalmente tem de dar um presente para a pessoa de quem menos gosta, ou com quem teve mais problemas durante todo o ano, e fazer aquele pequeno discurso dizendo o quão especial o seu amigo secreto é para você. Quem já não caiu nessa fria? Eu não tive nenhuma, pois o único amigo secreto de que participo é o de minha própria família, delicioso, pois todos são fofíssimos, e ninguém é obrigado a discursar. Mas, semana passada, fui intimado a ajudar meu velho e bom amigo Luky, personagem de alguns posts nesse blog, e que se viu em uma fria daquelas, pois tirou um dos sócios da firma em que trabalha, um velho caretíssimo, daqueles que nunca tira o paletó no escritório, e faz questão  que todos saibam que ele é homofóbico, pois fica fazendo as piadinhas imorais com gays, e dando risadas alto. Luky já saiu do armário há muito tempo, é um morenão que arrasa corações, todos na firma sabem que ele é gay. Todos os colegas de escritório acabam sendo amigos dele, que, cara maravilhoso que é, conquista amizades femininas e (quase todas as) masculinas facilmente. Mas, com o sócio mais velho, patrão encrenqueiro, detestado por quase todos, o que fazer? Pois foi a mim que ele recorreu, assim que viu a fria em que se meteu. O que dar de presente, e como fazer o discurso no famigerado almoço? Saí em socorro de meu amigão, e dei a ele o conselho possível, para que enfrentasse a situação de cabeça erguida:  seja hipócrita! O presente não poderia ser outro, senão uma gravata caríssima, daquelas que você não compra nem para si mesmo, de grife estrangeira. Custou parte do suado décimo terceiro salário dele, mas não houve outra alternativa. O discurso, de quatro linhas, consignou apenas o grande exemplo de vida que o outro era, para o Luky e para todos os funcionários. Exemplo para não ser seguido, óbvio, mas isso fica a critério de cada um compreender. Afinal, existem momentos  em que a verdade é um presente caro demais para ser dado, e as aparências requerem pequenas falsidades para serem salvas. Coisas da vida. Abraços do Cavalcanti


Comentários

4 respostas para “Frias natalinas”

  1. Oi;

    Acabo de ler alguns trechos de sua página, estou passando por uma crise com a psoríase, as lesões não estão visíveis, mas, estou cada vez mais evitando pessoas, lugares e situações que possam colocar à mostra as lesões…
    Enfim…

    Sniff Sniff

    Um abraço

    Saad

  2. Obrigado Lou pela dica e pelo apoio!

    Eu já convivia com a psoríase desde 2005 mas este ano a remissão foi mais forte e juntou com o tempo seco em BH, frio, mudanças de rumo na parte profissional… foi um conjunto de fatores que complicaram.

    Nesta busca para solução, de abril até outubro, fiquei sem plano de saúde – aí sim senti na pele o que a população passa nos locais de atendimento! Eu imaginava algo pior, mas superou o que achava. Para se ter ideia, uma consulta num dermatologista, pelo SUS em BH, somente em 10 meses! E detalhe: sou voluntário de um programa no HC da UFMG e nem assim tive uma ajuda…

    Então fui buscar, conhecimento e informação sobre o assunto. Pesquisei muito e com a ajuda da Dra. Cristina (minha anjo da guarda) iniciei tratamento com um medicamento muito forte (semelhante ao Roacutan para acne) e hoje tenho conseguido controlar com loções e calma, muita, muita calma (rs…).

    Aprendi muito Lou, sabe. A Sociedade Brasileira de Dermatologista publicou um consenso que traz várias informações que me ajudaram. Hoje sei que o fator estresse, como muitos pensam, não é o determinante para a psoríase.
    Link para download do consenso https://docs.google.com/viewer?a=v&pid=explorer&chrome=true&srcid=0BzTbrZN1CKRxZjdjMjYyODItYzlmYy00NjU3LWFlYTItNDEyNzg3MmY4ZjQx&hl=pt_BR&authkey=CNyHpMAB

    É um doença sistêmica, genética e ainda sem cura, apenas controle. Desregula o colesterol, triglicérides e aumenta o peso também. Fora o preconceito e a falta de informação que o poder público não ajuda a diminuir, caso as campanhas fossem mais elucidativas.

    Agora, uma coisa quem me chamou a atenção em redes e grupos que acessei é a quantidade de homossexuais masculinos que manifestou a psoríase. Pode ser apenas coincidência, mas fiquei atento a isso…

    Enfim, amigo, temos que nos ajudar. Amigos, família, principalmente esta útlima, faz toda a diferença!

    Espero ter ajudado com este relato e estou a disposição daqueles que precisam de apoio!

    Grande abraço!!

    gus
    novidade: reveillon no Rio!!! chego dia 31, de manhã cedo! delícia… vou me acabar no posto 9 kkkk

  3. Olá queridíssimo!

    Sumi demais eu sei, mas to aqui em BH, quente até!!!!
    Ri demais com o “seja hipócrita!”. E concordo viu, tem momentos que este comportamento é o melhor e evita dores de cabeça com pessoas caretas e do mundo dos dinossauros…

    Ultimamente, tenho feito isto viu: no trabalho, na facul, com alguns que me chateiam… Mas de nada de ódio no coração…

    Este sumiço neste segundo semestre também foi por causa de um momento complicadíssimo que passei com uma doença na minha pele que atinge milhões de brasileiros e, infelizmente, a administração pública vira as costas…

    Foi triste, chorei muito em setembro/outubro quando esta doença (psoríase) acabou com minha auto-estima e me fez descer lá embaixo… Mas graças a God, minha mãe se fez presente e com ajuda de uma boa médica consegui controlar e agora estou bem melhor.

    Queria dar este depoimento aqui pois sei que existem pessoas que passam por isso e por causa do preconceito isolam-se.

    Hoje, estou em vários grupos nas redes sociais e tenho ajudado várias pessoas com minha experiência e fico feliz por saber que consigo pelo menos acalmar aqueles que precisam de um apoio!

    No mais, grande abraço, leio você sempre, desde agosto/2009 te acompanho. Vibro e torço contigo sempre! Em cada post ou em cada reflexão que você sempre nos apresenta ou nos faz ter!

    Ótimo Natal para você, teus familiares e para todos que passam por aqui.

    Do sempre admirador,

    Gustavo (Gus) de BH
    meu facebook está no link… abraços!

    1. Gus meu mineiro querido, que alívio receber notícias tuas. Por mais que saiba agora o que se passava contigo, fico feliz em ver que o tom da mensagem melhora no final. Psoríase é algo há muito tempo conhecido dos homens, um tio meu tinha, controlou e viveu bem com elas. Não sei se você leu os livros do John Updike, escritor maravilhoso, autor da série de livros “O Coelho” – “O Coelho Corre, e outros, em que o autor também tem psoríase, e narra sua vida com elas. Deverias comprar, os sebos eletrônicos estão cheios, vale muito à pena.
      Posso ajudar-te? Diga-me como. Um tema desses vale um post, mostrando ao povo que você deve ser bem tratado e querido, que psoríase não é contagiosa, enfim, tudo aquilo que deveriam saber, mas nunca tiveram as informações. Mande-me o que tiveres sobre o tema, e vou postar ainda esse ano. Faço isso por ti, e por todos os que amigos queridos na mesma situação.
      Vamos nos falar mais? Aguaardo ansioso por comentários teus.

      Abraço carinhoso,
      Lourenço

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