Queridos, sei que já falamos disso ontem, mas a questão é importante demais para caber num só post. Ontem fui dormir tarde, tive uma longa e bem divertida conversa com uma amiga lésbica argentina, que vinha de um encontro de militantes homossexuais, no qual se organizavam para o que ela mesma denominou “Uma grande batalha”. Ela se referia à votação, pelo Senado argentino, da lei que altera o Código Civil , especificamente nos dizeres “Homem e mulher”, substituindo-os por “contraentes”, o que efetivamente legaliza o casamento homossexual. Já falei sobre isso várias vezes por aqui. O que me surpreendeu foi a capacidade de mobilização da sociedade argentina, tanto pró quanto contra a questão. As militâncias, homossexual e conservadora, esta última comandada pelo influente Cardeal Primaz da Argentina, estão disputando voto a voto, telefonando para cada um dos senadores indecisos, ou para aqueles que já declararam o voto contrário, na esperança de convertê-los. Entusiasmadíssima, com a adrenalina lá em cima, minha amiga brincou, dizendo: “Você não imagina a força de uma lésbica argentina”. Imagino sim, eu a conheço bem, deve ter mais testosterona que um capitão do exército.
Confesso que admirei – e invejei – a capacidade de mobilização e organização da militância argentina. Gays e lésbicas agindo juntos, de forma organizada, criando estratégias para abordar congressistas, e para maximizar os bons canais que parte da mídia abriu em seu favor. Fiquei pensando, cá comigo, se nós, brasileiros, conseguiremos algo parecido. Não menosprezo nossa própria militância, teremos mais de 200 eventos organizados Brasil afora esse ano, vejam o exemplo de nossas paradas, ainda acho o Brasil um dos maiores países gays do mundo, mas algo como a batalha que nossos vizinhos platenses terão hoje requer um grau de união e coordenação difíceis de se obter. Lembram-se como foi difícil a elaboração do Conselho Estadual LGBT de São Paulo? Nossos militantes falam em combate à homofobia, mas esqueceram-se de Édson Néris. Fazer eventos é uma coisa, criar e seguir uma estratégia política é outra, e lidar com a mídia é ainda mais complexo. Torcerei o dia inteiro – São Sebastião está convocado! Abraços do Cavalcanti.
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