O fundador do site WikiLeaks, Julian Assange, disse nessa quarta-feira (18) que a presidenta Dilma Rousseff tinha a “obrigação” de adiar a visita de Estado a Washington, marcada para outubro, depois de saber que foi alvo de espionagem norte-americana.
Em videoconferência na Embaixada do Equador em Londres, onde está asilado, Assange participou do Seminário Liberdade, Privacidade e Futuro da Internet.
“Se não tivesse tomado essa decisão, iria ser vista como fraca. Ela tem a obrigação de proteger o povo brasileiro”, disse Julian Assange, responsável pela divulgação de documentos secretos da diplomacia norte-americana.
Na videoconferência, Assange disse também que as informações sobre as atividades de espionagem das agências de inteligência norte-americana comprovam que os Estados Unidos “invadiram o território brasileiro”. “O que quer dizer quando uma lei sai de seu território [para atuar em outro]? Que está sendo invadido por um tribunal, que está fazendo cumprir a lei em território estrangeiro,” acrescentou.
“Se não tivesse tomado essa decisão teria sido vista como fraca e convencida. Ela tem a obrigação de proteger o povo brasileiro”, comentou Assange, responsável pela divulgação de documentos secretos da diplomacia americana.
Para o fundador do Wikileaks, a solução para acabar com a espionagem dos cidadãos não está em obrigar as multinacionais que oferecem acesso e serviços na internet a armazenar seus dados no Brasil e não no exterior, como estuda o governo.
Segundo Assange, no Brasil há sistemas de espionagem que “também necessitam ser controlados”, por isso, em sua opinião, a única maneira de se proteger os dados é “não coletá-los”, ou que estes sejam anônimos. Durante a videoconferência, que durou cerca de uma hora e meia, Assange assegurou que seria oportuno que o Brasil concedesse asilo político a Sarah Harrison, assessora legal do Wikileaks que ajudou o ex-analista da CIA, Edward Snowden, a fugir da Justiça dos EUA após revelar a suposta espionagem a várias personalidades e empresas.
Em referência ao Ato Patriótico – legislação aprovada pelo Congresso norte-americano após os atentados de 11 de setembro de 2001 – Assange destacou que sob o pretexto de investigar supostos atos terroristas, a Casa Branca emprega esse mecanismo em outras nações e espiona milhares de cidadãos.
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