Futebol caipira tira emoção do Paulistão

Nem o grande goleiro Rogério Ceni, de volta ao São Paulo, depois de passar 20 dias de molho só assistindo aos jogos, estava aguentando ver aquela pasmaceira no Morumbi vazio na noite de quinta-feira.

No intervalo do jogo, com cara de sono, mandou ver: “O Oeste está atrás, nosso time não é veloz, e o jogo está chato”, desabafou para os repórteres.

Como não podia ir dormir, Rogério voltou para o segundo tempo, e assistiu à vitória por 3 a 0 contra o Oeste, de Itápolis, um timinho que veio ao Morumbi só para perder de pouco.

Para ser justo com o goleiro, ele ainda faria uma grande defesa, que evitou o pior, no começo do segundo tempo, quando o São Paulo estava se arrastando em campo para segurar o 1 a 0.

O que está acontecendo com nossos times do interior, que antes davam um sufoco danado nos grandes, chegavam às finais – e, algumas vezes, ao título – e todo ano revelavam jogadores que logo iriam parar na seleção brasileira ou na Europa?

Este ano, o futebol caipira está uma tristeza só. Antes da metade do Paulistão, os três grandes do chamado “trio de ferro” – Palmeiras, Corinthians e São Paulo – dispararam na ponta, e a disputa agora se limita a saber quem vai ficar com a última vaga do G4, se Santos ou Portuguesa. Palmeiras e Corinthians ainda estão invictos, depois de dez rodadas.

O time do interior mais bem colocado é a Ponte Preta, que está em sétimo lugar, dez pontos atrás do Palmeiras, disparado o time que vem jogando o melhor futebol no Paulistão, e apresentou a única grande estrela do campeonato até agora, o artilheiro Keirisson.

O outro time de Campinas, o Guarani, eterno rival da Ponte Preta, está entre os quatro que seriam rebaixados se o campeonato terminasse agora. Pior ainda que o Guarani está o Botafogo, de Ribeirão Preto, com apenas duas vitórias em dez jogos, também forte candidato ao rebaixamento.

Abaixo do Guarani, vem outro ex-grande time do futebol caipira, o Mogi Mirim, que revelou Rivaldo e Mauro Silva, entre outros campeões mundiais. Rivaldo comprou o time, mas já está arrependido.

“O Paulista está com nível mais baixo do que na minha época”, constata ele, no comunicado em que promete entregar o clube a quem se interessar, como a Folha revela em sua edição desta sexta-feira.

Não é fácil ver estes jogos em que só um time ataca, dando chuveirinhos na área, e outro só se defende, dando chutão pra frente. Na metade do segundo tempo, quando André Dias marcou o segundo gol do meu tricolor, joguei a toalha, desliguei a televisão, e fui dormir.

Tenho certeza que, se pudesse, Rogério Ceni faria o mesmo


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