Meus, caros, o Carnaval já começou, e com ele, a grande exposição de todos nós em grandes eventos públicos. Para os homossexuais, se jogar na folia dentro do armário é só meia festa, considerando, principalmente, que muitos dos homens e mulheres enrustidos também aproveitam a ocasião para soltar a franga, com a desculpa de que é tudo, de qualquer forma, uma brincadeira. Não é, sabemos todos disso, e tudo bem, qualquer chance de se sair do armário, que seja por alguns dias, vale a pena. Lamento por aqueles que não podem fazer isso sempre, cuja vida esteja limitada pelo medo, e pelas máscaras, que, nesse caso, são vestidas logo após o Carnaval. Triste para as bibas que ainda estejam nessa etapa da vida, pois a felicidade, e esse é meu depoimento próprio, está na liberdade em se viver quem somos.
Qual a razão para tanto medo? O preconceito, e a homofobia. São Paulo chega a ser uma cidade relativamente segura. Estou achando maravilhosa a postura do Rio de Janeiro, em promover uma campanha bem-feita contra preconceito, em qualquer de suas manifestações, com gente de alto nível na mídia, e de diversos circuitos sociais. Que ninguém se iluda, o Rio de Janeiro, com seu discurso amigo e malandro, é uma cidade extremamente homofóbica, a vida gay só se limita aos guetos gays de um pedaço da praia de Ipanema, formando um pequeno quadrilátero com as ruas Vinicius de Moraes e Farme de Amoedo. O resto da cidade é perigoso, tenho mais de um amigo que já foi agredido ou ameaçado em outros pontos da Cidade Maravilhosa. Contra preconceito, tolerância zero!
Mas o mal da rejeição ao próximo está em toda a parte. Nós acompanhamos, nessa semana, o estilista inglês John Galliano, que chegou aos píncaros da moda sendo o estilista chefe de nada menos do que a Maison Dior, em Paris, e que é homossexual. Enfiado até os pés em drogas, diz-se que foi só álcool, agrediu um casal de judeus que teria reclamado de seu comportamento, em um bar em Paris. O Anti-semitismo estava lá, dentro dele, senão não seria usado como arma, e é um das piores formas de preconceito. Pode-se alegar que ele estava bêbado, mas, quando se trata de preconceito e fobias contra a natureza de seu semelhante, não existe outra postura senão a tolerância zero. Lei contra ele. Principalmente contra alguém que tenha a formação cultural de Galliano, e sua exposição pública, nada se pode admitir senão o absoluto respeito aos direitos humanos. Sua situação legal é delicadíssima, está se saindo com a desculpa da dependência química, o que deve vir da cabeça de advogados caríssimos, vamos ver como anda essa carruagem, exemplar em todo o mundo. Vamos nos jogar na folia, com responsabilidade e cuidado, e combater os preconceitos em qualquer de suas manifestações. Abraço amigo, e homossexual, do Cavalcanti.
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