Galo brigador!


Parabéns Atlético Mineiro, o novo rei da América! Na noite da última quarta-feira, 24 de julho, o Galo bateu o Olímpia, conquistou a inédita Taça Libertadores da América e entrou, definitivamente, na lista dos gigantes nacionais, os 10 clubes brasileiros que já se sagraram campeões continentais, junto com seu grande rival, o Cruzeiro, os cariocas Vasco e Flamengo, a dupla gaúcha Internacional e Grêmio e os quatro grandes paulistas, São Paulo, Santos, Palmeiras e Corinthians.

A campanha dos mineiros teve tudo o que se espera em uma Libertadores, drama, raça e superação.

Na primeira fase, em grupo difícil que tinha também o tri-campeão São Paulo, o Atlético atropelou seus adversários e se classificou com a melhor campanha da primeira fase. Tirando os números, o futebol apresentado dentro de campo era vistoso, bonito, envolvente.

O mata-mata começou. Os “secadores” repetiam que o Atlético não sabia o que era a Libertadores, que era uma competição diferente, que não bastava um bom futebol… Pois bem, o time aprendeu! Nas oitavas-de-final, mais um baile contra o São Paulo, 6 a 2 no placar agregado.

Das quartas em diante, o Galo começou a dar sinais de seu espírito brigador, com a ajuda de sua fanática torcida, um show a parte nessa edição do torneio. Contra o Tijuana, os mineiros passaram com direito a defesa de pênalti quase no final do jogo. Se fosse gol, o sonho acabaria. A torcida parece que gostou do clima de tensão, se aproximou ainda mais do time, então, por que não botar a “mineirada” para roer os cotocos de unha que sobraram do último jogo!?

Contra o Newell’s Old Boys, derrota por 2 a 0 na Argentina, vitória sofrida pelo mesmo placar em casa, a vaga para a grande final seria decidida nos pênaltis. Acha que é só isso? Calma, ainda tem mais! Na disputa por pênaltis, os portenhos estiveram em vantagem por duas vezes, tendo apenas que confirmar suas cobranças para depenar o Galo, porém, nessa rinha, quem cresceu foi o Victor… Desculpe, São Victor, já que após o título ele foi instantaneamente canonizado. O gigante cresceu para cima dos batedores, ficou maior que o gol e fez dois argentinos errarem a baliza. Na cobrança decisiva, pegou a bola chutada por Maxi Rodriguez e levou o Atlético para sua primeira decisão de Libertadores. Se Galvão Bueno estivesse narrando o jogo, ao menos 32 “Haaaaaja coração!” teriam sido proferidos, alternados com uns 27 “Isso é teste pra cardíaco!”.

Teoricamente o adversário da final era mais fácil que o da semi, o Olímpia, do Paraguai, mesmo tendo três títulos e muita tradição no torneio. Teoricamente… Em campo, no jogo de ida, no Paraguai, 2 a 0 para os donos da casa. A tarefa não era fácil, porém, pelo histórico recente do Galo Mineiro, melhor não desdenhar…

A frase “Yes, we CAM”, circulou sem parar nas redes sociais durante as semana que antecedeu a finalíssima. Nas arquibancadas lotadas do Mineirão, o grito “EU ACREDITO” era ensurdecedor e ecoou durante todo o primeiro tempo, que terminou em um aflitivo 0 a 0. No segundo tempo, era preciso atitude, caso contrário, adeus Libertadores… E o Atlético mostrou rápido! Nem dois minutos haviam se passado quando, após furada bisonha do zagueiro paraguaia, a bola sobrou limpa para oportunista Jô, dominar e estufar as redes! De aí em diante, o jogo virou ataque contra defesa, o Atlético tentava desesperadamente o gol que igualaria o resultado do primeiro jogo, enquanto o Olímpia se defendia com todas as suas forças. O tempo foi se passando e, em um lance isolado, aos 38 do segundo tempo, o atacante paraguaio Ferreyra recebeu lançamento profundo, ganhou na dividida do goleiro Victor, que saiu de forma estabanada e, com o gol escancarado, tentou ajeitar para a perna direita e acabou escorregando… Que jogo! Depois desse lance, ficou muito claro que aquela noite não era do Olímpia e a confirmação veio pouco depois, aos 41 do segundo tempo, quando Bernard cruzou na cabeça de Leonardo Silva, que deu no contrapé do goleiro e fez o segundo. O Mineirão explode em um misto de lágrimas e euforia, a tensão era sensível até pela televisão, estava se desenhando mais um dos capítulos que fazem do futebol algo muito maior que o esporte.

Fim de jogo, e, nos 30 minutos de prorrogação, pouca coisa aconteceu, já que as duas equipes não estavam dispostas a se exporem. Com um jogador a menos após a expulsão de Manzur no final do tempo normal, o Olímpia claramente era o time que mais queria as penalidades. “Perdoa-lhes, pois eles não sabem o que fazem”, pediu São Victor.

Primeira cobrança paraguaia, Victor fica no meio do gol e pega com facilidade. Dizem que ele se adiantou, pra mim, um boato que não passa de intriga da oposição, afinal, nenhuma das quase 60 mil pessoas que estavam no Mineirão viu dessa forma. Os jogadores do Galo fizeram a lição de casa, treinaram bastante cobranças durante a semana e Alecsandro, Jô, Guilherme e Léo Silva meteram nas redes. Precisando fazer para deixar o Olímpia ainda vivo, o canhoto Giménez partiu para a marca com as pernas tremendo, nervoso, o barulho do estádio parecia entrar em seu tímpano e martelar sua cabeça de forma angustiante. Nesse momento, Victor já media uns 3 metros de altura e parecia tapar a minúscula baliza. Tentando de tudo para tirar do alcance do gigante, a bola caprichosamente explodiu na trave e saiu, o Galo é campeão da Libertadores!

O gramado virou uma grande festa! O técnico Cuca, antes taxado de azarão, soltou o verbo com todo o direito. Cuca não é azarão, Cuca é campeão! Ronaldinho Gaúcho, Diego Tardelli e Jô, o primeiro um craque e os outros dois excelentes jogadores, mas que vinham, antes d Galo, de experiências ruins em outros clubes por conta da fama de festeiros, deram a volta por cima. Quer saber? canham na balada, curtam a farra, vocês merecem!


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