Meus caros, impossível falar de outra coisa, quando todos os jornais do mundo estão dando suas manchetes sobre a aposentadoria de Ronaldo, o Fenômeno, e depois daquele choro maravilhoso perante as câmeras, confesso que quase chorei junto. Mentira, chorei no banheiro. Já tinha falado de futebol sexta-feira, não gosto de repetir temas logo em seguida, mas ele merece. Eu já disse aqui que só vejo futebol nas Copas do Mundo, e é verdade, embora tenha acompanhado alguns jogos do Corinthians com Ronaldo, pois não resistia a vê-lo em campo. Eu me lembro da final da Copa de 1998, nunca saberemos ao certo o que houve na noite anterior, mas, o que quer que tenha havido com ele, foi capaz de desestruturar o time inteiro, e fizemos aquele papelão em Paris. Eu quase perdi a amizade com um amigo francês, muito querido, pois gritei desaforos terríveis contra a França, quando, na verdade, a vergonha estava do nosso lado. O que houve com Ronaldo? Saberemos algum dia? Não posso culpá-lo, seja lá o que houve, pois nenhum outro jogador marcou tantos gols quanto ele em Copas, e minha relação com o futebol, tão restrita àqueles momentos, é muito especial. Minha alma ficou lavada e enxaguada de emoção depois daqueles dois gols da final de 2002, no jogo contra a Alemanha, cujo goleiro, Kahn, era super arrogante, e dizia que o Brasil não seria campeão pois teria de passar por ele antes – e nós passamos, com dois gols, lindos, de Ronaldo. Aquele jogo ficou marcado na minha tão pouco futebolística memória. Não vou falar de 2010, me revolta o estômago, e Ronaldo não estava lá. Fez falta.
Ronaldo nunca foi um homem bonito, corrigiu a tempo os dentes, preferia raspar o cabelo, o que denota uma relação pouco resolvida com seu inegável sangue negro. Chegou a afirmar que era branco, mas esse é um mínimo detalhe de sua vida pessoal. Nunca soube de nenhuma declaração homofóbica dele, posso ter sido desatento, no futebol não se fala de homossexualidade. Sei que comeu quase todas as mulheres que quiseram dar para ele, não foram poucas, estava mais do que certo, pois, na idade dele, não vejo razão para ser tão certinho. Para com todos os outros jogadores e mesmo com pessoas venenosas da imprensa ele foi de uma grande humanidade. Coisa rara. Não o verei mais nas Copas, mas vou acompanhá-lo fora dos campos. Foi um grande jogador, ainda é um grande homem. Leva meu abraço, minha gratidão. É raro eu terminar um texto emocionado, como estou agora, melhor encerrar de uma vez por todas. Ronaldo, sois um fenômeno, abraço do Cavalcanti.
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