Meus caros, confesso que procurei outro tema que não família e morte, pois fiquei abalado com a morte do filho de Cissa Guimarães, menino de 18 anos, lindo, com uma vida pela frente, e que morreu de maneira trágica. Eu já perdi um irmão, não sei se algo assim se compara, mas chorei vendo os noticiários da televisão. Pois foi só buscar algo mais leve, que me rendesse um post de conteúdo, mas que me afastasse do tema da morte, e dou de cara com o assassinato – o termo é esse – de um personagem gay maravilhoso, fofíssimo, e logo na primeira semana da nova novela das sete da Rede Globo. O casal já estava sendo comentado no próprio site da emissora, dois gays normais, fofos, que viviam juntos, que se gostavam, e isso não era escondido dos espectadores, maravilha. Lógico que não haveria nenhuma cena mais íntima, dificilmente um abraço, beijo nem pensar, mas lá estava um casal gay feliz e normal. Benza Deus, nada que possa se comparar com o estranhíssimo personagem de Marcelo Antony, que se anunciou como gay enrustido no início da novela, mas que parece que será pedófilo (então tudo bem), teremos de aguardar o final da novela para saber.
Só que, no melhor estilo brasileiro, o gay feliz vai morrer hoje, em um acidente de carro, quando estava indo visitar a mãe, a quem não deveria contar que era gay, para não devastá-la. Mais uma vez se impõe à sociedade brasileira a ideia de que os gays são destruidores de famílias, que matam suas mães de sofrimento, por não serem aquilo que elas desejavam deles, a velha escola Edith Modesto. Minha mãe, aos 80 anos, é uma mulher inteligente, ficou indignada quando comentei com ela as ideias da Sra. Modesto, e imediatamente retrucou que fundamental é o caráter do filho, e que ele seja feliz, não a sexualidade. A família brasileira, que aceita de heterossexuais na televisão qualquer traição, roubo, safadeza, pedofilia, discriminação, o pior do mundo, não aceita que gays se toquem, ou que sejam felizes. Surgiu um gay normal, fofo, querido? Pois que se mate o personagem logo, antes que dele se espere algum afeto proibido, alguma felicidade imoral. Matar um filho é melhor, para a audiência, do que trabalhar o tema da homossexualidade. Será que ainda existe alguma esperança de decência na televisão brasileira? Abraços pesarosos do Cavalcanti.
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