Meus caros, segunda-feira é sempre dia de correria, montes de coisas acumuladas para resolver e, no meu caso, em pleno inferno astral. Você pode até não acreditar nessas coisas do zodíaco, mas é incrível como as coisas parecem ficar mais tensas no mês anterior ao meu aniversário.
Sábado à noite eu vivi uma situação divertida: encontrei um amigo heterossexual na balada, em um festão daqueles, na melhor casa noturna gay de São Paulo. Ele é um gatão, charmoso, chama a atenção de todo mundo, mas estava lá por outras razões, só ia trocar uma ideia rápida com o dono da casa e ir embora. Como nos conhecemos de outros cantos da vida, fiz companhia a ele, enquanto ele concluía seus assuntos, e o apresentei aos meus amigos gays que foram surgindo pela frente. Sempre brincava dizendo: “Ele só tem um defeito, é hétero”. Ele mesmo acabou dando risada da minha cara, brincando com a minha necessidade de explicar a sexualidade dele ali no meio. Eu tinha lá meus receios de que ele tomasse uma cantada daquelas escandalosas, alguma biba bêbada mais animada com a mão solta, algo assim, mas foi ele quem acabou dando risada da minha necessidade de explicar aos outros que ele era do outro time. Ele tira isso de letra.
Mas minha experiência na situação contrária justifica meus temores. Quando eu sou apresentado aos amigos (e amigas) dos amigos fora do gueto, sempre percebo uma certa cautela deles com a questão da minha sexualidade, pois nem todos lidam bem com um gay. Não é preconceito, a maior parte das vezes é só não saber lidar mesmo, acabam engatando discursos tediosos, afirmando que não têm preconceito algum, que lidam muito bem com os gays, até têm amigos homossexuais, etc. E eu ali tendo de aguentar a ladainha. Muitas mulheres têm reações bem divertidas – viram suas melhores amigas no mesmo ato. Ao saberem que não existe risco de cantada, ou envolvimento afetivo, elas se penduram no teu pescoço e, para o bem ou para o mal, te adotam. Acho de deveríamos adotar um crachá, como o que fizeram em Recife no carnaval, dizendo apenas “friendly”, com as cores do arco-íris ou apenas em azul, válido para gays e héteros. De qualquer forma, o melhor é dar risada em qualquer situação, isso desarma os desconfortos. Abraços do Cavalcanti
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