Na sexta-feira, eu dei a vocês a dica de bares onde se misturam gays e héteros, e sempre digo que acho isso o máximo. Pois no sábado passado à noite eu encontrei uma amiga que é hostess de um desses bares, e ela agradeceu pelo post dizendo que os bares também acham o máximo serem frequentados pelo povo do sindicato, pois “Vocês dão um ar de sofisticação à casa, vocês são sofisticados”. E se dois gays se beijarem em público no bar dela? “Neste caso a instrução dos gerentes e garçons é a mesma para casais gays ou héteros, ou seja, um beijo e um abraço discretos, ignore e olhe para o lado, mas se o casal esquentar demais e começar aquela agarração na frente de todos, vão ouvir um ‘pega leve’ do pessoal da casa.” A regra é a mesma para héteros e gays. Nota 10, concordo plenamente.
Perguntei por que o “ar de sofisticação”, e ela respondeu: “Homem e mulher juntos ninguém nem olha, passa batido; duas lésbicas provocam, no máximo, uma risadinha; e dois gays, ah, isso causa, sim, um pequeno frisson, fica todo mundo olhando com o rabo do olho, e o casal gay tem de ser corajoso, você não acha?”. Pelo que eu entendi, este “frisson” mostra que a casa acolhe a diversidade e, portanto, é moderna e sofisticada. Se o beijo gay chama atenção, isso é porque nem todo mundo está acostumado a ver dois homens se beijando. E não está mesmo, não é exatamente homofobia não. O famoso beijo gay na novela das oito nunca foi ao ar! Milhares de homens se recusaram a assistir Brokeback Mountain no cinema, e olha que um (fantástico) beijo gay naquele filme foi eleito como um dos melhores do cinema em toda a história. E um casal gay, numa casa que não seja somente gay, tem que ter muito culhão para se beijar em público, e seu beijo se torna uma demonstração de muita coragem.
Quanto aos gays serem sofisticados, aí tem uma longa discussão, e eu não concordo totalmente. Muitos gays têm, sim, um olhar mais apurado e sensível para o visual, sabem se vestir sem copiar as vitrines das lojas. Na explicação clássica, por não terem filhos, eles tem mais dinheiro para comprar coisas mais caras, dos carros aos acessórios, viajam mais e frequentam lugares mais caros. Esta explicação não “resolve” toda a questão, mas dá uma dica, e ainda assim estamos falando de uma parcela mínima das bibas. A maioria do sindicato é exatamente igual ao mundo hétero, e rala trabalhando para viver, veste o que consegue, e conta os tostões para ir a uma casa noturna mais badalada. Ser gay não é garantia de sofisticação, mas sim, quase sempre, de muita coragem!
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