Após ser ovacionado em diversos festivais e mostras de cinema, o documentário Lóki, cinebiografia do mutante Arnaldo Baptista, será exibido pela primeira vez na televisão nesta sexta-feira, às 22 horas, no Canal Brasil, que completa onze anos de existência hoje.
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O filme disseca a vida de um dos mais importantes e influentes personagens da música brasileira e mundial e que, infelizmente, nunca teve o reconhecimento merecido. Paulo Henrique Fontenelle, diretor do filme, contou que a ideia do projeto surgiu a partir de um programa feito para o próprio Canal Brasil, Luz, câmera, canção, em 2005. “Fiquei fascinado com sua história e com sua música, e chocado em ver como um artista tão importante para nossa música e para nossa cultura vivia praticamente esquecido em seu sítio, em Juiz de Fora (MG)”, disse o diretor.
Com Os Mutantes, banda que iniciou e liderou por sete anos, entre 1966 e 1973, e em um breve e saudoso reencontro em 2006, Arnaldo Baptista misturou loucura com genialidade e levou a música a outro patamar. Ainda hoje, é referência para grandes nomes da música, principalmente fora do Brasil. Fontenelle revelou que ficou ainda mais fascinado com a vida e obra de Baptista quando começou a se aprofundar em sua pesquisa. “Arnaldo é um artista singular, que sempre tratou a música e a arte como algo fundamental para a sua existência, sem nunca se deixar levar por modismos ou concessões. Basta ver a reverência dos fãs e de artistas como Sean Lennon, Beck, Kurt Cobain, Belle e Sebastian, entre outros que hoje buscam produzir uma sonoridade que Arnaldo já havia feito há mais de trinta anos”, analisa Fontenelle.
O documentário também toca em parte importante e delicada da vida do mutante, seu envolvimento com o LSD, que o levou a diversas internações em clínicas psiquiátricas. Em uma das internações, Baptista tentou o suicídio se jogando do 4º andar da clínica e ficou em coma por alguns meses. O diretor do filme não fugiu do assunto e falou que o músico também foi muito sincero a respeito, provando que isso faz parte do seu passado. “Arnaldo abriu sua alma, sem qualquer tipo de censura, encarando cada fase de sua vida como etapas necessárias para o alcance da paz que ele hoje encontrou.”
Apesar de muito completo e aprofundado, com depoimentos de diversos artistas, músicos consagrados internacionalmente, amigos e família, muitos sentiram a falta da participação de Rita Lee, que além de dividir os palcos com Baptista nos Mutantes, também foi mulher do músico por um curto e conturbado período. Os problemas conjugais dos dois também teria sido um dos motivos do término da banda. Fontenelle disse não saber se a ex-mutante viu o filme, mas o recomendou. “Não sei se ela viu. Espero que sim. Lóki foi um filme feito com muito respeito a todos os envolvidos, sem buscar qualquer tipo de julgamento ou parcialidade. Tenho certeza de que ela vai gostar.”
A tão esperada exibição do filme na televisão foi resultado de uma grande sequência de conquistas. Partiu de um projeto do Canal Brasil com Fontenelle, que viu o potencial na ideia e a apresentou aos diretores do canal. Assim, o primeiro longa do Canal Brasil iria ser produzido. Para medir a aceitação do público, o filme participou de alguns festivais. “Estreamos no Festival do Rio. Ao término da primeira exibição, foram dez minutos de aplausos consecutivos que nos encheu de emoção e da certeza de que tínhamos um belo filme nas mãos”, contou Fontenelle. Depois, foram festivais atrás de festivais e prêmios atrás de prêmios, no Brasil e no exterior.
O diretor contou que depois das exibições, o burburinho foi grande, principalmente na internet. A caixa de e-mails do Canal Brasil lotou, exigindo a entrada do filme em circuito. A manifestação deu resultado e hoje o filme já chega ao terceiro mês em cartaz, algo impressionante para um documentário, segundo Fontenelle.
O diretor revela a emoção de Baptista ao ver o filme concluído. “A primeira vez que ele viu o filme foi numa sessão fechada, onde estava presente apenas a equipe, Lucinha e Arnaldo. Ele ficou bastante emocionado em ver sua vida passar diante de seus olhos em duas horas de filme. No final, vi um Arnaldo bastante emocionado, afirmando que o filme tinha conseguido captar a sua alma. Segundo ele, com o Lóki, ficará claro para o mundo que ele sempre será ‘o rebelde entre os rebeldes’”, contou Fontenelle.
Vale a pena conferir a vida e obra de um dos mais revolucionários músicos do mundo, um gênio completamente “lóki”, que de maneira louca mudou totalmente a forma de se fazer música. Um verdadeiro vanguardista, finalmente reconhecido. “Fico feliz em saber que mais pessoas vão poder conhecer e se emocionar com a história do Arnaldo, incluindo quem não teve a oportunidade de conferir nos cinemas e as pessoas que já viram e que, com certeza, vão querer rever. Acredito que, mais do que a música, quem ligar o canal 66 nessa sexta verá, acima de tudo, uma bela história de alguém que dedicou a vida em nome da arte e do amor. Lóki é, acima de tudo, uma bonita história de amor”, completa Fontenelle. Bom filme!
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