O clima de comoção estava no ar. A expectativa era grande para a volta de Reynaldo Gianecchini ao trabalho, depois de passar por um avassalador transplante de medula, uma das muitas intervenções médicas para conter o câncer linfático, descoberto pelo ator quando ele havia acabado de estrear Cruel, em agosto. Ele reestreou o espetáculo ontem à noite no mesmo teatro que teve de abandonar por causa da doença, o Faap, em São Paulo.
Havia tempo não se via tantos jornalistas reunidos para uma reestreia. Também muitos colegas de classe do ator – veja galeria. O apoio e admiração pela luta de Gianecchini para sobreviver a um raro e agressivo tipo de linfoma que, dentre outras coisas, atinge o sistema de defesa do organismo e o deixa vulnerável para qualquer doença traiçoeira, estavam nítidos. “Ele deve ter envelhecido por dentro uns dez anos. Se ele era ainda um menino, virou homem na raça. Ninguém passa por uma situação dessas sem cicatrizes na alma”, comentou uma médica na plateia. O ator, aliás, tem 39 anos.
Assim que entrou em cena, ele precisou interromper o texto de August Strindberg porque a plateia levantou-se e começou a aplaudir com visível emoção – alguns até chorando. Gianecchini já era querido pelo público, pelos colegas e pela imprensa pela gentileza e elegância sempre dispensadas a todos. Só que ele foi mais longe: em vez de se blindar, negar o óbvio sofrimento e se vitimizar, ele fez de sua dor um exemplo de força, motivação e, mais que isso, usou sua fama para ajudar pacientes em posição igual ou pior que a dele, seja participando de campanhas ou mesmo indo fisicamente a hospitais e clínicas.
Gianecchini disse uma frase de grande impacto assim que agradeceu os urros e aplausos, logo após encerrado o espetáculo: “A grande descoberta que eu fiz nesse período foi o quanto nós somos capazes de amar”. Só o amor resgata, recupera, refaz. Agradeceu à mãe – “a família é a força maior da gente” – e os médicos – “eu me surpreendi, durante todo esse processo, com o valor da vocação”. Lágrimas, muitas lágrimas escorreram do rosto da plateia, inclusive de alguns jornalistas que, sim, estavam diante de um homem ainda em reconstrução – está levemente anêmico, e bem mais magro. O espetáculo segue em temporada até maio, quando o ator entra em férias antes de encarar a próxima novela, o remake de Guerra dos Sexos, de Silvio de Abreu.
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