Governo coloca no ar o Portal Brasil

Acabei ficando mais tempo em Brasília do que planejara, mas valeu a pena. A convite do presidente Lula, fiquei para ver o lançamento do Portal Brasil, um mega projeto do governo federal, que consumiu três anos de trabalho da Secom e da TV1, a empresa dos meus velhos e bons amigos Sergio Motta Mello e Selma Santa Cruz contratada para colocar este serviço público eletrônico no ar.

Serviço público, no caso, não é força de expressão. Além de notícias sobre o governo e o país, vídeos, infográficos, reportagens e mini-sítios, o portal oferece aos 66 milhões de internautas brasileiros todas as informações de mais de 500 serviços públicos – de como tirar carteira de motorista até dicas para procurar um novo emprego. Para ter acesso, basta clicar no alto da home à esquerda.

Sei que sou suspeito para falar sobre este novo produto da web, por minhas antigas relações com todos os responsáveis pelo projeto -, entre outros, os ministros Franklin Martins e Paulo Bernardo, e o secretário executivo da Secom, Ottoni Fernandes -, mas fiquei impressionado com a qualidade e a quantidade de conteúdo produzido para o Portal Brasil, que ainda está em construção e, obviamente, jamais ficará pronto.

Por enquanto, apenas 30% do planejado foi colocado no ar, mas já dá para se ter uma bela idéia do alcance do portal, que tem acesso específico para os usuários de acordo com seus interesses. Empreendedores, estudantes, imprensa e trabalhadores são os primeiros setores da sociedade contemplados com sites customizados.

Ao explicar como o sistema funciona, a coordenadora Silvia Sardinha, funcionária da CEF com 30 anos de carreira, chamada a “mãe do portal”, emocionou-se e emocionou a platéia no Centro Cultural Banco do Brasil, sede provisória do governo enquanto o Palácio do Planalto está em obras.

Depois de mostrar a reportagem sobre uma escola modelo na periferia de Teresina, considerada a melhor do país, e colocar professores e alunos no link para conversarem ao vivo com o presidente Lula, não sobrou quase nada para ele falar. Foi um dos mais breves discursos do seu tempo de governo.

Em português, inglês e espanhol, há informações sobre o Brasil em todas as áreas, não só do período do atual governo, mas desde o tempo do Império, de galerias de arte à prestação de contas dos orgãos públicos. Foram investidos no projeto R$ 11 milhões e chegaram a trabalhar na sua criação 130 profissionais. A partir de hoje, serão 70 para fazer as atualizações e produzir novos conteúdos.

É um mundo de informações que fica difícil retratar no espaço de um blog. Por isso, acho melhor parar de escrever e convidar os caros leitores a conhecerem pessoalmente o Portal Brasil (www. brasil.gov.br) e a enviarem comentários ao Balaio, contando o que acharam, com críticas e sugestões.

Amiga do Balaio faz relato do drama chileno

Costumo sempre dizer que o ofício de blogueiro é um trabalho solitário, bem diferente daquela algazarra a que estava habituado nas redações cheias de gente, em que todo mundo conversava com os colegas o tempo todo. Sei que hoje não é mais assim, as redações são silenciosas como um templo.

E acabo me relacionando com muito mais gente aqui, graças à interação que a internet permite e incentiva, do que se estivesse trabalhando num jornal. Lendo os comentários, estou em contato com os leitores o dia inteiro.

Mais do que isso: no Balaio, os leitores não são apenas consumidores passivos de informação, mas também autores de alguns dos melhroes textos aqui publicados, relatando suas experiências pessoais ou de pessoas próximas. É o caso da mensagem que recebi da amiga Rosângela Rossi, que estava no Chile na hora do terremoto e voltou esta semana ao Brasil.

Reproduzo abaixo seu relato:

Dia 24 de fevereiro teve início, em Santiago, no Chile, o Congresso Ibero-Americano de Língua e Literatura Infantil e Juvenil, organizado pela Fundação SM, onde eu trabalho. Entre os convidados brasileiros estavam notórios escritores, ilustradores,educadores e editores. A programação do evento foi intensa e rica; momentos de festa, confraternização e grande intercâmbio de idéias e atividades, que foram interrompidos com o terremoto do dia 26 de fevereiro.

Eram aproximadamente 03h30 quando tudo começou. Estávamos todos dormindo no Hotel Plaza San Francisco quando fomos surpreendidos pelo forte abalo. Muitos, assim como eu, não entenderam muito bem o que acontecia. A princípio foi muito barulho, vento e, de repente, tudo começou a se mexer – garrafas voando do frigobar, TV despencando do suporte, gavetas se abrindo, quadros caindo e a cama em um vai-e-vem frenético. Foram quase 3 minutos de intenso tremor, seguidos de pânico e muito medo.

Ficamos concentrados na frente do hotel por algumas horas, torcendo para que novo abalo não ocorresse. Por volta das 6h fomos autorizados a ficar no lobby e somente bem mais tarde, depois de muitos outros tremores de “baixa” escala (em dois dias foram mais de 100!), pudemos voltar aos nossos quartos para nos trocar, pois muitos estavam de pijamas; outros, enrolados em lençóis.

Os serviços de telefone e internet foram prejudicados e, por algum tempo, tivemos somente a televisão, por meio da qual sabíamos da extensão dos estragos e das recomendações do governo à população. O nosso hotel, aparentemente, pouco sofreu, mas, com o passar do tempo , azulejos começaram a cair e apareceram infiltrações em vários lugares.

Passamos um sábado de grande ansiedade e preocupação. Poucos dormiram. Os que o fizeram optaram pelo lobby do hotel ou, em grupos de 3 ou 4, em quartos de andares mais baixos. No domingo, alguns se arriscaram a dar uma volta pelas vizinhanças do hotel. Apesar de Santiago não ter sido tão fortemente abalada como algumas cidades do interior, havia vários prédios cujas fachadas estavam danificadas; muitos edifícios com vidros quebrados e muitos outros com estrutura prejudicada, isolados pela defesa civil. O aeroporto estava fechado e não tínhamos previsão de volta.

Começamos, então, a contatar autoridades brasileiras e a fazer planos para sairmos do Chile. Um grupo de argentinos alugou uma van e seguiu até Cordoba onde pegaria o primeiro voo para Buenos Aires. Até então, essa era a única opção de saída, porém nada segura, já que as estradas estavam, em sua grande maioria, danificadas – e ainda havia o risco de assaltos.

Depois de várias frustradas tentativas e já conformados com a ideia que somente no dia 10/03 poderíamos partir, conseguimos, enfim, ajuda para chegar ao Brasil, no dia 02/03. Estávamos todos felizes em saber que, em breve, estaríamos na segurança e no aconchego de nossos lares.

Mas estávamos também preocupados com os colegas que ainda não tinham como regressar aos seus países e também com o povo chileno que, malgrado toda tragédia, ainda tinha forças para ajudar aos seus e a todos os estrangeiros. Uma funcionária do hotel, que, desde o momento do terremoto, até o final daquele dia, corria para dar água com açúcar, chinelos e palavras de conforto aos hóspedes, ao ser perguntada se não tinha medo que tudo se repetisse e que algo pior acontecesse respondeu:

“Tenho muito medo, mas preciso me manter forte para não deixar que vocês desanimem”.


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