Grande Nilton, o seu lugar é no Olimpo

Quando gerente de comunicação da Petros – Fundação Petrobras de Seguridade Social tive a honra de entrevistar o grande Nilton Santos para a Cartilha Petros do Estatuto do Idoso. Juntamente com a equipe de comunicação da Fundação, editamos esta publicação que trazia o lateral do Botafogo e da Seleção Brasileira na capa, numa ilustração criada pelo cartunista Aroeira.

Na parte interna, entrevisto Nilton e Afonsinho, outro emblemático craque do Botafogo, e Coutinho, o grande centroavante do Santos que compôs a linha Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe.

Os principais artigos do Estatuto do Idoso ganharam, na cartilha, texto jornalístico e ilustrações de renomados cartunistas brasileiros. Mas o ponto alto da publicação foi mesmo Nilton Santos. O craque nos recebeu, juntamente com Afonsinho e Coutinho, na sala de troféus do Botafogo. Recepcionou-nos como se ali fosse sua casa. O que, realmente, era. Nilton foi e sempre será um grande craque de futebol, mas aliou a este seu talento toda uma capacidade de um cavalheiro.

Grande Nilton, o seu lugar é no olimpo.

Um pouco do enorme Nilton Santos:

Admiração – “Eu tive muita sorte jogando. Não lembro de ter sido vaiado nenhuma vez e até hoje, na rua, as pessoas me param e dizem: “Não sou Botafogo, não, mas te admiro muito”.

Aposentadoria – “Quando tomei a decisão de parar de jogar, jamais voltaria atrás. Mas para decidir pensei muito. Parei normalmente, como os outros. E aí me liguei a uma turma de veteranos. Então, todo sábado nós fazíamos umas peladas. Eu não senti nada assim. Não teve festa, não teve nada. Dizem até que parte da imprensa queria fazer uma homenagem, uma despedida, e alguém aqui (no Botafogo) discordou, e não houve jogo. Eu parei quando cismei de parar e ainda tinha seis meses de contrato. Doei este meio ano que tinha para a caixinha dos empregados do clube. Todo dia vinha um funcionário e me abraçava, dizendo que o dinheiro ajudou à beça”.

“Quando a gente joga profissionalmente o roupeiro sempre entrega a toalha do clube depois do banho. Depois que parei de jogar, fui para uma pelada, tomei banho e perguntei pela toalha. Aí os caras: ‘Xi! Você não trouxe?’”

Diversão – “Ah, eu me divertia. Talvez a posição ajudasse um pouco, né? O Zizinho dizia que o ponta existe para não deixar a bola sair pela lateral. Eu nunca falei isso para o Garrincha porque ele poderia se ofender. Mas isso era uma maneira de brincar. Ponta quando é bom, e posso falar porque a minha posição era marcar o ponta, dá trabalho. Às vezes, a gente pegava uns caretas aí, que era preciso rezar antes de entrar em campo”.

Contratos – “Até chegarem Didi, Amarildo e Garrincha, eu era o único no Botafogo a ir para a Seleção Carioca ou Brasileira. Nem por isso ganhava mais do que os outros. O teto era 7 mil cruzeiros para todos os titulares. Eu já assinei contrato em branco; me divertia jogando, era metido a namorador… Ia para Copacabana, era só passar o túnel. A diferença é que quando acabavam os campeonatos todos os que ganhavam o mesmo que eu iam para a praia e eu ia para a Seleção Brasileira treinar. Mas tenho certeza que minha mulher atual não me deixaria assinar um contrato em branco como assinava na época”.

 

Garrincha – “Ele dava o drible e corria para cimas para o lateral recuar e quando o cara dava o passo para trás ele pegava. Nem sabia entender o drible. Ele foi fantástico. Garrincha, Pelé, esse cara aqui (apontando para Coutinho)… às vezes a gente até confundia os dois nas tabelinhas. Joguei muitas vezes contra o Pelé e o Coutinho. Só não trocava botinadas. Sempre respeitei quem jogava bem”.

“É, me afastei porque senti que não podia fazer mais nada. Enveredou para a bebida… Eu aconselhava. Um dia a gente foi jogar em Petrópolis, na inauguração de uma loja, e encontramos com o Vavá, que chamou a gente para tomar uma cerveja. Aí, o Garrincha sentou na minha frente e quando o garçom ofereceu uma cerveja ele gritou: ‘Não, água mineral’.  Para eu ouvir, mas lembro que disse para ele: “ ô compadre, hoje não tem nada. O que mata é o exagero’.  Ele nunca tomou cerveja na minha frente, mas exagerava na minha ausência”.

Juventude -“Pelo menos de espírito eu sou jovem, mas nessa idade a gente tem que tomar cuidado para não ficar ridículo, né? Depois vão dizer que sou saliente”.

 

 


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