A Polícia Militar expulsou funcionários do metrô, que estão em greve, da estação Ana Rosa, na região do Paraíso, na zona sul de São Paulo. Os metroviários dizem que a PM entrou na estação para reprimir o protesto da categoria e usou balas de borracha para dispersar os trabalhadores.
Pelo segundo dia consecutivo, o sistema público de metrô funciona parcialmente na cidade. Somente as linhas 5-lilás e 4-amarela – operada por uma concessionária – funcionam sem restrições nesta manhã.
Governo não altera proposta
Em audiência na sede do 2º Tribunal Regional do Trabalho (TRT), durante a tarde desta quinta (5), a Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô) manteve a oferta de reajuste de 8,7% para categoria, feita na quarta-feira. Não houve consenso. Diante do impasse, será a Justiça que definirá o percentual do reajuste a ser pago.
Durante a reunião, o Sindicato dos Metroviários, que havia proposto aumento de 16%, chegou a baixar o percentual reivindicado para 12,2%, também válido para o vale-refeição. Os trabalhadores reivindicaram, também, a elevação do vale-alimentação para R$320 e a negociação em até 90 dias do plano de carreira, o adicional periculosidade de 30% para agentes de bloqueio e a discussão da jornada de trabalho. A proposta foi rejeitada pelos dirigentes do Metrô. “O governo não demonstrou flexibilidade para negociar”, disse o presidente do sindicato, Altino Prazeres.
Alex Fernandes, secretário geral do sindicato reafirmou que os rumos da greve serão decididos em assembleia na noite de hoje (5). “Não há nenhuma hipótese da categoria aceitar a proposta (do Metrô), inclusive amanhã, na nova assembleia, só muda o patamar se houver algum avanço por parte da empresa”, afirma.
O presidente do sindicato propôs, como alternativa à greve, a abertura das catracas para a população. Segundo Prazeres, o dia de trabalho dos funcionários seria descontado. A proposta também não foi aceita pela companhia. Paolo Pasin, Presidente da Federação Nacional dos Metroviários (Fenametro) explicou que a proposta será formalizada depois de aprovação em assembleia nesta noite.
Pela manhã, em entrevista à Rádio Bandeirantes, o governador de São Paulo Geraldo Alckmin falou que a greve teria objetivo político: ” É um grupo que controla o sindicato, inclusive com baixa representatividade, e que quer fazer a greve para criar essa situação de caos e bagunça que estamos vivendo hoje. (…). Não temos mais espaço para negociação. Já fizemos três propostas e nenhuma delas foram aceitas. Então o objetivo era, claramente, apenas fazer a greve. Agora vamos esperar o dissídio que deve ocorrer ainda hoje.” O sindicato se defende dizendo que todo mês de junho eles se manifestam sobre seus salários.
Toca de acusações ao vivo
Pela manhã, o secretário estadual dos Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernandes, e o secretário geral do Sindicato dos Metroviários de São Paulo, Alex Fernandes, trocaram acusações, no jornal “Bom Dia São Paulo”, da TV Globo. O secretário disse que o sindicato está politizando a greve do Metrô, que paralisou a cidade nesta quinta, e a deixou para as vésperas da Copa do Mundo. “O sindicalista está extravasando. Como eu disse, a situação é totalmente politizada por eles”, disse o secretário. Já o sindicalista acusou a Secretaria de Transportes de corrupção. “Irresponsável é esse governo e essa secretaria, que está alamada na corrupção”, criticou. Veja o vídeo no link.
Plano de emergência
Durante o dia, Prefeitura de São Paulo acionou o Paese (Plano de Atendimento entre Empresas de Transporte em Situação de Emergência) para atender os passageiros durante a greve do Metrô. De com a SP Trans, cerca de 15 mil ônibus — a frota total da cidade — estará nas ruas durante o horário de pico. Normalmente, 5% a menos de veículos são mantidos nas garagens para atender a imprevistos, como ônibus quebrado. As linhas que operam com destino às estações de metrô foram estendidas e a frota da capital foi reforçada. Três linhas especiais foram criadas para atender os passageiros vindos da linha 3-Vermelha, na zona leste. O metrô atende cerca de 4,5 milhões de paulistas todos os dias.
Repercussão
A presidente Dilma Rousseff classificou como “lamentável” o quebra-quebra promovido por parte dos passageiros revoltados com a greve dos metroviários em São Paulo nesta manhã na estação Corinthians-Itaquera. A estação é a mesma que atenderá aos usuários que se dirigem à Arena Corinthians, palco da abertura da Copa do Mundo na semana que vem. Indagada por jornalistas sobre a avaliação que fazia sobre o ocorrido, a presidente limitou-se a dizer: “lamentável, lamentável”.
Situação atual dos metroviários (baseado nos acordos de 2013)
Salário: menor cargo de operador de trem (Operador Transporte Metroviário I) ganha R$ 2.494,73, e o maior (Operador Transporte Metroviário IV) ganha R$ 6.736,85. O piso da categoria é de R$ 1.323,55.
Vale-refeição: R$ 25,65 reais por dia
Vale-alimentação: R$ 247 reais
Plano de carreira: Cargos de agentes de estação para baixo não possuem
Proposta da diretoria do Metrô
Reajuste salarial: 8,7%
Vale-refeição: desonerar o desconto em folha e manter o valor atual
Vale-alimentação: reajuste para R$ 290 reais
Plano de carreira: aceita discutir em prazo determinado pelo Tribunal Regional do Trabalho
Proposta da diretoria do Sindicato dos Metroviários
Reajuste salarial: 12,2%
Vale-refeição: 12,2%, sem desconto em folha
Vale-alimentação: reajuste para R$ 320 reais
Plano de carreira: quer discutir melhoras para seguranças e pessoal de manutenção de trens em 90 dias
O Sindicato ainda pediu aos diretores do Metrô que os grevistas não sofram retaliações e que possa ser discutida a jornada de trabalho
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