O Ministério da Saúde confirmou que um exame detectou a infecção por Zika de dois fetos em Campina Grande, na Paraíba. Os bebês já estão com quadro de microcefalia, condição de desenvolvimento inadequado do cérebro, antes de nascerem. Eles podem apresentar problemas respiratórios e disfunções neurológicas, mas o quadro todo ainda não foi mapeado.
O fato, segundo o Ministério da Saúde, aumenta a chance de uma correlação entre a infecção por Zika e os casos por microcefalia, embora o órgão não descarte outras causas. A desconfiança que o Zika pode ser a causa da doença começou com o aumento anormal do número de microcefalias em Pernambuco, Estado que registrou casos de Zika.
Também um caso de morte ao nascimento está sendo estudado no Rio Grande do Norte. A mãe apresentou sintomas da doença, mas não se sabe ainda se morte teve relação direta com o vírus.
“Os casos aumentam a chance da suspeita inicial de que a infecção por Zika possa ser responsável pela microcefalia, mas não podemos descartar outras causas”, afirmou Cláudio Maierovitch, diretor do departamento de Vigilância de Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, em entrevista coletiva sobre o caso realizada nessa terça-feira (17) em Brasília.
Se confirmada, a relação será inédita na literatura médica. A associação não foi vista em outras regiões onde o vírus circula, como na África e na Ásia. Semana passada, o Ministério havia divulgado 100 casos de microcefalia em Pernambuco, quando o Estado registrava apenas 10 casos por ano.
No País, normalmente, a média de casos é entre 100 e 120. Agora, já foram notificados 399 registros da condição no Brasil, o que já supera a média nacional identificada historicamente, Dada à situação, o órgão instaurou a notificação compulsória de todos os casos de microcefalia no país.
Também os casos de Zika estão sendo monitorados. O agente foi visto pela primeira vez no Brasil em 2014. Até agora, o vírus foi registrado em 14 Estados, com a região Nordeste sendo a mais atingida. Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Bahia já registraram doentes.
No Sudeste, o vírus foi visto em São Paulo e no Rio de Janeiro. No centro-oeste, o Estado do Mato Grosso do Sul registrou a doença. No Sul, o Estado do Paraná já notificou o Ministério da Saúde.
Não há um tratamento específico para o vírus Zika e o agente só consegue ser identificado na fase aguda. “A metodologia de pesquisa não consegue ser específica o suficiente”. O que sabe, no entanto, é que ele é transmitido pelo mesmo vetor da dengue, o Aedes Aegypti.
O Ministério da Saúde anuncia que terá dois grupos de especialistas para analisar o quadro. Um vai contar com médicos diversos para apoio, como pediatras e infectologistas.
Outro grupo vai começar a tentar fazer uma análise mais específica em laboratório do vírus. Isso inclui um refinamento da identificação do Zika, que só é identificado na fase aguda da doença. O Centro de Controle de Doenças, nos Estados Unidos, e a Organização Mundial da Saúde estarão envolvidas no processo.
“O envolvimento dessas instituições está sendo feito não porque o Brasil não tem competência, mas porque isso é uma situação absolutamente nova do ponto de vista científico”, diz o diretor de Vigilância do Ministério.
As secretárias de saúde de Estados e municípios serão notificadas. Serão adotadas medidas especiais e todos os casos de microcefalia devem ser notificados compulsoriamente ao Ministério da Saúde.
Orientações para mulheres grávidas
Com informações ainda não detalhadas sobre a condição, o Ministério da Saúde vai trabalhar amplamente na prevenção e divulgou campanha para alertar gestantes.
Cláudio Maierovitch, diretor do departamento de Vigilância de Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, chegou a sugerir que mulheres pensem antes de engravidar. “Aconselhamos que as mulheres que pretendam engravidar discutam a situação com sua família e com os agentes de saúde.”
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