Mais 14 terminais de ônibus da capital paulista foram fechados nesta terça-feira (20). A paralisação afetou ao menos 205 linhas de ônibus na capital paulista. A Secretaria Municipal de Transportes estima que o ato tenha prejudicado, em alguns momentos, cerca de 230 mil pessoas.
As paralisações dos ônibus não foram organizadas pela diretoria do Sindicato dos Motoristas de São Paulo e contrariou uma decisão tomada coletivamente em assembleia da categoria, na noite de segunda-feira (19), quando foi aprovada proposta de reajuste 10% no salário, além de inclusão de direitos como insalubridade e aposentadoria especial. O prefeito Fernando Haddad ficou surpreso com os atos e os classificou como injustificáveis e inadmissíveis. “Foi uma penalização para a população que foi injustificável e inadmissível. Somos todos trabalhadores. Como é que se toma uma atitude dessas sem sequer anunciar quem você é e qual sua motivação para tomar uma atitude tão radical como essa? Ainda mais contrariando a direção do sindicato, o que ainda é mais incomum”, disse Haddad.
Em protesto, os motoristas e cobradores chegaram ontem (20) por volta das 15 horas à calçada diante da sede da Prefeitura de São Paulo, no Viaduto do Chá, no centro. Os trabalhadores reivindicam uma audiência com o prefeito Fernando Haddad (PT) ou com o secretário municipal dos Transportes, Jilmar Tatto. Por toda cidade, manifestantes que participavam do ato paravam coletivos e obrigavam os passageiros a descerem dos ônibus no meio da rua. Muitos relatos como estes foram registrados nas redes sociais e ouvidos por nossa redação.
@DiariodaCPTM Estação Pinheiros agora pic.twitter.com/s77wK5lKVh
— Elton Moraes Palini (@eltonpalini) 20 maio 2014
Membros do Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores em Transporte Rodoviário Urbano de São Paulo (Sindimotoristas), por meio de sua assessoria de imprensa, disseram estar “surpresos” com a manifestação. “É uma paralisação que não é reconhecida pelo sindicato, de uma minoria, cerca de 200 pessoas, que não estão satisfeitas com os 10% conquistados na campanha salarial”, afirma Romualdo Santos, assessor da presidência do sindicato. “É uma arruaça. Estamos tentando fazer uma assembleia com esse pessoal.”
A administração municipal está investigando junto as empresas e sindicato quem poderia ter organizado os atos e acionará o Ministério Público Estadual (MPE) para que tome providências e puna os responsáveis pela paralisação que prejudicou os usuários.
Para tentar amenizar os impactos da paralisação, o rodízio municipal de veículos foi suspenso no fim da tarde desta terça-feira (20), o Plano de Apoio entre Empresas em Situação de Emergência (PAESE) foi acionado e guinchos da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) estão retirando os veículos das vias. “Esse tipo de atitude não tem precedentes na cidade de São Paulo. Já houve caso semelhante, mas era fácil identificar a motivação e a autoria. Nesse caso, a motivação não está clara e a autoria tão pouca. É muito incomum o que está acontecendo”, afirmou o prefeito.
De acordo com o secretário Jilmar Tatto (Transportes), a CET e a SPTrans irão preparar um material com toda documentação e informações colhidas sobre o ato para instruir o processo e enviar para o Ministério Público. “Estamos verificando o ponto de vista jurídico e se esse tipo de ação tem envolvimento de parte do sindicato, o que tudo indica que tem, que é um problema de divergência política dentro da entidade e que agiram e extrapolaram as funções do próprio sindicato. Também poderá ser tomada medidas em relação a isso e em alguns casos até do ponto de vista penal”, afirmou Tatto.
As polícias Civil Estadual e Federal também serão acionadas pela Prefeitura para colaborar na punição dos envolvidos. A Prefeitura verificará ainda se caberá multa ou alguma cláusula contratual para punir financeiramente pela não prestação dos serviços, caso as empresas também tenham algum tipo de responsabilidade. “Estamos estudando tratativa para acionar a Polícia Federal, a Polícia Civil do Estado no sentido de abrir um processo de investigação, porque o comportamento foi anormal, se é que existe normalidade nesse tipo ação em serviço público essencial sem avisar antes. A maneira que foi feita foi anormal”, explicou o secretário. Assista ao vídeo com a coletiva sobre a greve na íntegra.
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