Haiti é devastado por terremoto

Janeiro
A tragédia abalou o mundo no dia 12 de janeiro. O forte tremor deixou um saldo de mais de 200 mil mortos, além de 1,5 milhão de pessoas desabrigadas no país caribenho. Um fato horrível em um lugar já tão devastado pela pobreza.


Um terremoto de magnitude de 7 graus na escala Richter devastou ontem a capital do Haiti, Porto Príncipe, por volta das 17 horas. Até o momento, foram confirmadas milhares de mortes. Estão entre as vítimas 11 militares brasileiros e Zilda Arns, 75 anos, irmã de Dom Paulo Evaristo Arns, médica, fundadora e coordenadora da Pastoral da Criança que integrava missão no país caribenho.

O terremoto, o pior em 200 anos no país, atingiu lugares importantes da cidade, como o Palácio do Governo, o Forte Nacional, o Palácio Legislativo, a Casa Azul (orgulho dos militares que dominaram o local no início da Força de Paz, em 2004), um hospital em Petionville (área nobre da cidade), a sede da Organização das Nações Unidas (prédio que foi totalmente destruído) e três ministérios. Segundo informações do Exército, sete militares estão desaparecidos e outros que estariam trabalhando nesses lugares podem estar feridos.

De acordo com Ajax Pinheiro, comandante coronel do Batalhão de Infantaria de Força de Paz, que irá assumir o 12º contingente na semana que vem (como já estava previsto antes da tragédia), a rede de saúde de Porto Príncipe entrou em colapso e centenas de pessoas estão buscando ajuda na base militar do Exército brasileiro. “Os nossos militares estão atendendo a população, na medida do possível, no posto que temos dentro da base.”

Pinheiro vai assumir o batalhão que irá substituir os militares brasileiros que já estão no Haiti há seis meses na missão de paz. “Com essa tragédia, a situação ficou incerta, mas devo partir na próxima segunda-feira. Meus homens estão preparados e ansiosos por trabalhar e ajudar, enquanto os militares que lá estão sofrem de cansaço e moral abalada, já que perderam amigos próximos.”

O Exército enviou apenas um avião dos 10 que estavam previstos para partir ao longo desta e da próxima semana para assumir a missão de paz no Haiti. Nessa aeronave que levou a primeira parte do contingente, estavam 130 militares, entre soldados, oficiais e outras patentes, que já estão assumindo suas funções na capital haitiana. O segundo avião chegou ontem por volta das 19 horas, sobrevoou Porto Príncipe a apenas duas horas após a tragédia, mas retornou para Boa Vista, Roraima. “Os aviões da Força Aérea Brasileira que levariam nossos homens vão ser designados, no momento, para levar ajuda humanitária aos cidadãos haitianos”, afirma Pinheiro. As eleições no Haiti, que estavam previstas para o dia 28 de fevereiro, devem ser adiadas, segundo informações do militar.

Estimativas, dão conta de que de 3 milhões de pessoas podem ter sido afetadas pelo terremoto. Logo após a tragédia, uma nuvem preta encobria a cidade e, conforme relatos de civis, centenas de corpos podem ser vistos nas ruas de Porto Príncipe. O aeroporto Internacional de Toussaint Louverture está fechado devido aos estragos, o que impossibilita a ajuda humanitária mais rápida e eficaz. Mantimentos, materiais de limpeza e medicamentos doados por outros países chegarão à cidade por meio de caminhões.

Segundo Ajax Pinheiro, comandante coronel do Batalhão de Infantaria de Força de Paz e que irá assumir o 12º contingente, previsto para partir na semana que vem, afirmou que Zilda Arns estava acompanhando o tenente Bruno Ribeiro Mario em um dos locais pobres da cidade, quando o terremoto aconteceu. O corpo dos dois foi encontrado próximos um do outro.

Em tempo
Alguns dias após a tragédia, corpos de vítimas deseparecidas começam a ser encontrados. O número de militares brasileiros que morreram na tragédia subiu de 11 para 16. Também foi encontrado o corpo do diplomata Luiz Carlos da Costa, representante especial adjunto das Nações Unidas no Haiti, o mais alto funcionário civil da ONU de nacionalidade brasileira no país. O brasileiro é hoje a segunda maior autoridade civil da ONU no Haiti. Seu escritório ficava no Hotel Christopher, o quartel-general da ONU que desabou com o terremoto.

Luiz Carlos da Costa foi um dos personagens da matéria Brasileiros na ONU, publicada na edição 13, de agosto de 2008.

Nossa missão no Haiti


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