Sangue, suor e lágrimas
Famoso por clássicos – Operação França (1971) e O Exorcista (1973) –, o diretor William Friedkin volta às telas com Killer Joe, comédia perversa e sanguinolenta, feita na medida para amantes de ousadia cinematográfica. Matthew McConaughey é Joe, um assassino de aluguel contratado por Chris Smith (Emile Hirsch) para realizar um serviço macabro: metido em dívidas com traficantes locais, o rapaz tem a ideia de matar a própria mãe para conseguir o dinheiro do seguro. A tentação financeira atrai para o plano o pai do garoto, Ansel (Thomas Haden Church), sua madrasta, Sharla (Gina Gershon), e até sua irmã de 12 anos, Dottie (Juno Temple). Com cenas fortes e reviravoltas, o filme é um thriller excitante com um desfecho perturbador. Um grande retorno para o cineasta acostumado a chocar seus fãs.
Ode ao mestre do suspense
Uma faca, uma loira no chuveiro e uma trilha sonora capaz de arrepiar. Junte esses ingredientes e tenha uma das cenas mais emblemáticas e chocantes da história do cinema. Com ótima atuação de Anthony Hopkins, o longa Hitchcock, de Sacha Gervasi, presta homenagem ao lendário diretor britânico que, no final dos anos 1950, hipotecou a casa onde vivia com a mulher e colaboradora Alma Reville (interpretada pela ótima Helen Mirren) para investir no então desacreditado projeto de Psicose. Ao contrário do que indica o título, a fita não se enquadra na categoria das cinebiografias, revelando-se uma divertida e agradável ode ao “mestre do suspense” e a uma de suas mais importantes obras.
Cinema na estrada
O ator Ariel Goldenberg tem causado comoção nas redes sociais com o vídeo que relata sua história de vida e convida o ator Sean Penn para assistir à estreia de seu filme no Brasil. Dirigido por Marcelo Galvão, o longa Colegas conta a história de três jovens com síndrome de Down que compartilham uma paixão: o cinema. Internos de um instituto de educação, os amigos Stalone (Ariel), Aninha (Rita Pokk) e Márcio (Breno Viola) decidem ir atrás de seus sonhos, depois de assistirem ao filme Thelma & Louise (Ridley Scott). Com participação de celebridades – Lima Duarte, Marco Luque e Juliana Didone –, o filme retrata uma bela e divertida história de superação e amizade. Grande vencedor do Kikito de 2012, o road movie reúne músicas de Raul Seixas, citações a filmes clássicos e aventuras no Brasil e no exterior em uma trama que deve agradar o público nacional. Resta agora saber se a história de Ariel e de Colegas também sensibilizará Sean Penn a vir até o País.
Arte documentada
Agraciado com o Prêmio Itamaraty de Melhor Documentário na Mostra de Cinema de São Paulo do ano passado, o filme Francisco Brennand traz um retrato do famoso escultor e pintor pernambucano na Oficina Brennand, onde, praticamente, vive isolado desde a década de 1970. Dirigido por Mariana Brennand Fortes, sobrinha-neta do artista, o documentário revisa a carreira do escultor, suas diversas obras e ainda aspectos de sua vida pessoal. Com base nos diários que Brennand escreve desde os 22 anos, o longa é com uma narrativa repleta de alegorias e figuras de linguagem, que denotam as agonias e inspirações do escultor. Altamente recomendável para fãs de artes e interessados no trabalho de um dos grandes artistas plásticos brasileiros.
Shakespeare encarcerado
Vencedor do Urso de Ouro no Festival de Berlim de 2012, César Deve Morrer destaca-se como mais um brilhante filme na carreira dos veteranos irmãos Paolo e Vittorio Taviani. A dupla italiana visitou durante seis meses o presídio de segurança máxima Rebibbia, em Roma, onde reuniram um grupo de prisioneiros para encenar a peça Júlio César, de Shakespeare. Filmado quase todo em preto e branco, o filme é um belíssimo registro do poder da dramaturgia sobre as pessoas e o que ela pode causar em suas vidas. De forma simples e lírica, a película mostra como alguns presos se apaixonaram pelo teatro e viram nessa arte uma forma de escape para suas emoções. “Desde que descobri o teatro, essa cela tornou-se uma prisão”, diz um dos detentos em uma das mais belas cenas do filme. Imperdível para quem acredita que o cinema pode ir além do entretenimento.
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