Meus caros, cá estou eu novamente preso à cama de um hospital, dessa vez por conta de uma pleurisia (inflamação da Pleura pulmonar). Três semanas atrás eu estive no mesmo hospital, mas por conta de uma pneumonia. Se as duas doenças estão ligadas ninguém sabe, mas o Paciente é o mesmo, o Velho Lourenço, não tão velho assim que mereça uma maratona hospitalar dessas. A diferença entre as internações é simples: na primeira eu tinha febre, alta, e sofria com o mal estar. Dessa vez dói, e muito, para respirar, especificamente na base do pulmão esquerdo. Eu braço (direito) tem um cateter daqueles de tubos transparentes, sempre ligado a uma veia, e eu recebo várias injeções de antiinflamatórios e analgésicos. Até mesmo a famosa Morfina eu experimentei, mas foi decepcionante, pois ao invés de delírios coloridos eu só apaguei. Dormi o sono dos justos, embora preferisse algo mais divertido.
Meu caríssimo plano de saúde, pago generosamente por minha mãe, me dá direito a quarto particular, para mim e meu acompanhante. Foi ai que começou a história, pois na primeira internação eu estava acompanhado de meu namorado, que foi bárbaro, cuidou de mim misturando os afazeres de mordomo, enfermeiro, e, obviamente, namorado. A experiência de viver como casal gay em um hospital sério como o Hospital Samaritano foi divertida, e bárbara. Desde o primeiro momento quanto o acompanhante foi chamado para preencher os papéis da internação, e se declarou meu namorado, não houve nenhuma reação de choque, ou de repúdio. O namoradão assinou tudo, e tudo bem. Depois fomos para o quarto, onde tivemos tanta intimida de quanto possível, o que, em um hospital, é pouca coisa,pois fica um entra e sai de gente no quarto o tempo todo, dando injeções, checando a temperatura, coisas assim. Sexo, nem pensar, mas eu estava mal de verdade, queria era afeto, e tive. Óbvio que eu me sintia bem cuidado, e agradecia. Só que não dava para ficar os dois ali, sem se tocar. Digo mais: se casais heterossexuais podem se abraçar e beijar, lógico que sem irem às vias do fato no hospital, por que não nós? E foi o que acabamos fazendo. Ele se deitava na cama comigo, abraço carinhoso de dois namorados, e assim fomos flagrados várias vezes, por médicos, enfermeiros e enfermeiras. Alguns até se assustaram, mas não interromperam, não o puseram para fora, nem comentaram nada. Rapidamente fomos reconhecidos como as bichas do sexto andar, mas ninguém ousou perturbar-nos por isso. Achei maravilho.
Não sei se em todos os hospitais é assim, mas no Samaritano é, e fiquei gratíssimo. Pena que nessa segunda internação as coisas estejam diferentes, pois estou sozinho, novamente solteiro, sem o namoradão, de quem sinto muita falta. Hospital não é local de turismo, espero não voltar, mas, se acontecer, espero estar bem acompanhado. O mundo está mudando, os hospitais também. Benza Deus
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