O documentário Uma Noite em 67, de Renato Terra e Ricardo Calil, vem causando barulho, no bom sentido, desde que foi exibido na abertura, para convidados, do Festival É Tudo Verdade, na quinta (8) e na sexta (9), no primeiro dia da mostra, no Cinema Espaço Unibanco (o filme será exibido neste sábado, às 15h, no mesmo local. Os ingressos serão distribuídos gratuitamente, com uma hora de antecedência. Corram, pois o boca a boca do filme está funcionando!). Os diretores Renato Terra e Ricardo Calil acompanharam as duas sessões e estão felicíssimos com o resultado do primeiro filme que ambos fizeram. Entrevistamos Renato Terra na primeira exibição do documentário para o público, na quinta. Leia entrevista abaixo:
Brasileiros – O documentário teve origem no seu trabalho de conclusão do curso de Comunicação Social na PUC do Rio, em 2003. Como foi transformá-lo para a película?
Renato Terra – A primeira ideia foi fazer um filme sobre a Era dos Festivais, que começa em 1965, com o primeiro, da (TV) Excelsior, e vai até 1972, com o último Festival Internacional da Canção. Essa era a ideia inicial do projeto. À medida que a gente foi tentando, que foi burilando a ideia, vimos que ia ficar um filme de oito horas ou se diminuíssemos, ia ficar superficial. A gente decidiu, em certo momento, optar pelo festival de 1967, que foi o mais importante, não só pela qualidade das músicas, que só para se ter uma ideia, tinha Ponteio, de Edu Lobo, Domingo no Parque, de Gilberto Gil, Alegria, alegria, de Caetano Veloso e Roda Viva, de Chico Buarque, além de várias outras. Essas músicas as pessoas conhecem até hoje. Mas nesse festival se plantou a semente do que ia ser o Tropicalismo, que revolucionaria a cena musical brasileira, por diversos aspectos. A gente achou que para contar bem as histórias dos festivais, deveríamos centrar no festival de 1967.
Brasileiros – Vocês não defendem nenhuma tese no filme e não fazem análise acerca daquele evento. Foi intencional?
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R.T. – A gente não quis defender tese nenhuma. O que procuramos foi passar uma experiência do que foi aquela noite. Para nós, isso era mais importante do que fazer uma análise.
Brasileiros – Das entrevistas que fez, qual a que o deixou mais nervoso?
R.T. – Sem dúvida nenhuma foi a com o Chico Buarque, pois ele, sem exagero nenhum, fez parte da trilha sonora da minha vida. Escuto Chico desde que eu era moleque e não parei mais de escutá-lo. Ele é um ídolo para todos nós, um homem admirável como profissional, pela qualidade de sua arte e de sua postura artística.
Brasileiros – Pretende fazer ficção depois dessa experiência como documentarista?
R.T. – Não sei se um dia vou fazer ficção. Acho que não tenho talento. Adoraria fazer outros documentários, mas, por enquanto, quero que meu filme toque as pessoas, que as façam se emocionar e refletir. Teve uma senhora que me procurou com os olhos cheios de lágrimas, dizendo que o filme tinha feito um bem danado para ela. Isso para mim é compensador, me faz sentir orgulho do filme que fizemos.
Ainda polêmico
Michael Moore é um provocador nato. Foi assim com o seu primeiro documentário, Roger & Me, em 1989, passando por Tiros em Columbine, em 2002 (que lhe valeu o Oscar), até atingir seu apogeu e reconhecimento com Fahrenheit 9/11, que lhe deu a Palma de Ouro em Cannes (fato inédito, pois até aquele momento, Cannes nunca teve um documentário com o prêmio máximo).
Parece que desde a Era pós-Bush, Moore não causa mais tanto burburinho. Impressão, pois ele continua fazendo seus documentários provocativos acerca da sociedade americana. “Meu objetivo é abordar questões que têm se formado em minha cabeça há algum tempo, creio que a nossa sociedade também precisa abordá-las. Não é papel do artista, nem do músico e nem do cineasta imitar a maioria. Os políticos não vão mudar nada sozinhos”, disse ele numa entrevista.
O seu novo filme Capitalismo: Uma História de Amor, fala sobre a crise financeira que abalou as economias ao redor do mundo, em 2008. Como sempre, o cineasta vai atrás de histórias de pessoas que vivem à margem do sistema, demonstrando que os danos que o capitalismo causa são maiores para os menos favorecidos. Parece que o lado afetado do diretor ficou mais controlado no novo filme, o que é um ganho para sua obra e para quem o assiste. O filme será exibido neste sábado, às 19h, no Espaço Unibanco de Cinema.
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