Infernos do mundo no andar de cima

Cada um sente a dor ou a alegria de acordo com o lugar onde seus pés pisam. Pode ser o barulho dos bombardeios para quem mora na Líbia, o temor da radiação atômica no Japão, a do estômago roncando de fome ou a doce brisa do mar nas praias ainda intocadas no nosso nordeste.

No mesmo instante, em diferentes lugares do mundo, dependendo de onde estamos, poderemos ficar mais perto do céu ou do inferno, rir ou chorar, sentir amor ou ódio. Por maiores que sejam a tristeza ou a felicidade dos diferentes povos neste momento, o que nos toca é o som mais próximo, a paisagem ao alcance dos olhos, o sol que nos ilumina.

No meu caso, o inferno fica bem próximo, no andar de cima. Há várias semanas, entre uma tragédia e outra que acontece no Brasil ou no mundo, não consigo trabalhar nem dormir direito.

Sei que ninguém tem nada com isso e nem eu posso fazer nada, a não ser escrever, mas vocês podem imaginar os sons de um filme de terror numa casa mal assombrada? Pois é, aquele barulho infernal de móveis sendo arrastados, pés martelando no chão como se fosse dentro da minha cabeça, portas e lustres batendo, de dia e de noite, sem que eu consiga descobrir do que se trata?

Uma única vez ousei interfonar para saber o que estava acontecendo e, com muito jeito, pedi piedade ao vizinho, mas foi-me dito apenas para ter paciência porque que se tratava do ensaio de coreografia para um espetáculo prestes a estrear. Não adiantou nada meu apelo.

O tempo passou e os barulhos se intensificaram, entram noite adentro e cedo recomeçam. Parece o som de uma mudança interminável, que é feita todo dia, toda hora, sem tempo para acabar. Tem dia que não consigo nem escrever para atualizar o Balaio.

Também trabalho em casa, como muita gente faz hoje em dia, mas tenho certeza de que não incomodo ninguém batucando no meu notebook ou lendo meus livros. Nunca tive problemas com vizinhos nem eles comigo, mas agora não sei mais o que fazer. Para completar, meu prédio está em obras de reforma da fachada, também intermináveis.

Sim, também sei que posso voltar a trabalhar fora, ir todo dia para uma redação, como fiz a vida inteira, mas como faço para dormir? Já tentei até colocar tampão de silicone nos ouvidos, mas não adiantou. Alguém aí tem uma boa ideia?

Datafolha mostra Dilma bem na foto

Na primeira pesquisa Datafolha de avaliação do seu governo, quase três meses após a posse, a presidente Dilma Rousseff aparece muito bem na foto: tem praticamente o mesmo índice (47%) de aprovação do presidente Lula (48%) em igual período no início de seu segundo mandato. Em março de 2003, no início do seu primeiro mandato, Lula registrou 43% de aprovação (ótimo e bom).

Mais do que isso: Dilma, com 7%, tem o menor índice de rejeição (ruim e péssimo) na sequência histórica da pesquisa, desde Fernando Collor, que registrou 19% no primeiro Datafolha do seu governo.

Itamar Franco teve 11%; FHC ficou com 16% no primeiro mandato e 36%, no segundo; Lula contou, respectivamente, com 10% e 14% de rejeição nos primeiros três meses de seus dois governos.

Ou seja, segundo a maioria da população, o novo governo está no caminho certo. Dilma está enfrentando todas as dificuldades com firmeza e transmitindo confiança à população, mesmo aos que não votaram nela.


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