Integração metropolitana

Na entrada da instituição Unilasalle, sede do evento, as várias bandeiras representam os países presentes

Na última terça-feira, 11 de junho, autoridades deram as boas vindas para o público e abriram oficialmente o 3º Fórum Mundial de Autoridades Locais de Periferia (leia aqui), que acontece em Canoas, no Rio Grande do Sul.

Nessa quarta o evento começou cedo, por volta das 8h30, e bem democrático. Prefeitos e representantes de cidades periféricas e de grandes metrópoles trocaram idéias, preocupações e possíveis soluções para que, em conjunto, se trace novos caminhos para uma região metropolitana mais integrada em todos os cantos do planeta.

O anfitrião do fórum, o prefeito de Canoas Jairo Jorge da Silva, foi o primeiro a falar no painel Diálogo entre autoridades locais de cidades centro e periferia por metrópoles solidárias, sustentáveis e democráticas. Dando o tom do que seria o debate, Jairo Jorge pediu para que os comandantes das chamadas “cidades grandes” encorporem mais a região metropolitana. “Não aceitamos mais a visão radial do pólo para a periferia, essa é uma forma antiga e ultrapassada de se administrar as áreas metropolitanas”, comentou.

Quem ouviu o recado e de cara foi chamado para responder foi José Fortunati, presidente da frente Nacional dos Prefeitos e prefeito justamente de Porto Alegre, a metrópole da região de Canoas. Mostrando ter entendido o recado, Fortunati disse acreditar que, apesar das variações proporcionais, todos os municípios do mundo, grandes ou pequenos, sofrem de problemas semelhantes. “Se formos perguntar para as autoridades presentes, todos vão falar sobre questões de educação, transporte, saúde”, analisou. Complementando, o político afirmou estar engajado com a integração metropolitana e fez questão de pedir para que todos compartilhem casos de sucesso no fórum para que os objetivos do encontro sejam alcançados: melhorar a vida da população.

Mostrando o caráter diversificado da mesa, na sequencia foi a vez de um representante africano ter a palavra, Papa Sagna Mbaye, prefeito de Pikine, cidade periférica de Dakar, capital do Senegal. Antes de começar, ele agradeceu a organização e exaltou a participação de cidades de cinco continentes diferentes. “Assim podemos trocar diferentes experiências. Na África, por exemplo, a disparidade é ainda maior do que aqui”.  O senegalês concordou com o tom dos palestrantes anteriores e pediu o apoio não apenas para a America Latina e Europa, continentes que mais representes têm no Fórum Mundial de Autoridades Locais de Periferia, a África também precisa entrar na pauta das grandes discussões. Para ele, o grande objetivo é que, na quinta-feira, dia do encerramento do evento, as conversas tenham chegado a um denominador comum para que se alcance uma região metropolitana mais forte, democrática e solidária.

A primeira mulher no debate, Mónica Fein, prefeita de Rosário, na região periférica de Buenos Aires, foi breve em sua fala. Exaltada coom a primeira prefeita socialista eleita em sua cidade, Mónica mostrou outro ponto na mesa, disse que, pela superlotação nos grandes pólos, a periferia se tornou essencial, uma inversão de valores, porém, para ela, as autoridades ainda não tratam as questões periféricas com o olhar da periferia.

Quem também falou na manhã dessa terça foi Sebastião Almeida, prefeito de Guarulhos e,, antes de entrar no debate, convidou todos os presentes para voltar ao brasil em 2014, durante a Copa, já que em sua cidade fica o aeroporto mais importante do País. Prefeito da segunda maior cidade de São Paulo, Almeida analisou a questão das periferias sob um prisma diferente, ele não acha que grandes êxodos aconteceriam no século 21 se as condições fossem as adequadas nas cidades periféricas. “O objetivo de todos com mudanças é o mesmo: viver nas cidades. Porém, não apenas viver, mas viver bem, de forma digna, sabendo que suas necessidades básicas estão sendo providas”. Aproveitando a presença do ex-presidente Lula no encerramento que acontece na quinta, Almeida exaltou a atuação de Lula durante seu mandato, afirmando que ele foi o responsável por mudar o diálogo entre cidades e governo federal. “Antes as cidades recorriam ao governo estadual, que eram os interlocutores. Hoje, com um bom projeto, qualquer cidade pode ter um diálogo aberto e ser apoiado diretamente pelo Governo Federal”, comentou.

Catherine Peyge, prefeita de Bombigny, na periferia de Paris, foi outra que falou rapidamente e apontou a democracia como o principal agente de mudanças. “É preciso se praticar a democracia justa, correta, aquela que não só respeita como garante os direitos humanos para sua população”, bradou. Quem concordou com sua fala foi o Rachid Sassy, prefeito de Rabá, a capital do Marrocos. Com população próxima aos 3 milhões de habitantes, Sassy disse não ter maiores problemas unicamente por comandar uma cidade maior, para ele, também, as questões fundamentais estão impermeadas em todo coletivo.

Quem terminou a mesa democrática e rica em trocas foi o prefeito de Quilmes, outra cidade da periferia de Buenos Aires, Francisco Gutierrez. O argentino brincou pelo fato de ser o último palestrante entre tantos. “Difícil acrescentar algo novo, agora sei por que o Tarso Genro reclamou ontem”, lembrando que o governador do Rio Grande do Sul foi o último palestrante da abertura do fórum, no dia anterior. Apenas sintetizando o pensamento de geral do debate, Gutirrez apontou o caminho para a transformação. “Para se mudar a realidade e impulsionar projetos é preciso inserir uma nova cultura, a cultura cidadã, com participação do povo, a cultura da integração”, terminou.

O 3º Fórum Mundial de Autoridades Locais de Periferia termina nessa quinta-feira, 13 de junho, e como já foi dito, o encerramento ficará a cargo do ex-presidente Lula.


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