Em meados de 1962, navios atravessaram as águas do Pacífico rumo ao Ocidente. Em fevereiro do ano seguinte, os primeiros imigrantes da Coreia do Sul desembarcavam no Brasil. A imigração coreana completa 50 anos em 2013, mas, assim como a saga dos pioneiros no País, as comemorações da data começam com meses de antecipação. Mais de 50 mil coreanos vivem no Brasil, 90% deles no Estado de São Paulo. E é na capital paulista que será inaugurado, em novembro, o primeiro Centro de Cultura Coreana, conforme anunciou o cônsul-geral da República da Coreia em São Paulo, Sang Shik Park, em seminário realizado em agosto pelo Programa de Estudos Asiáticos (Proásia) da Faculdade de Economia e Administração da USP. A criação desse centro vai coroar a realização do Festival da Coreia no Brasil, organizado pela Korea Foundation. Até o fim do ano, o evento apresentará ações culturais na capital de São Paulo, Piracicaba (interior do Estado), Recife, Brasília, Curitiba e Porto Alegre.
“Nossa principal missão é levar a diplomacia pública e fazer amigos ao redor do mundo”, diz Woosang Kim, presidente da fundação. A primeira atividade do festival foi a exposição O Espectro Diverso: 600 Anos de Cerâmica Coreana, que até 25 de novembro exibe 96 obras de arte no MASP, em São Paulo. Além da mostra, o festival realizará atividades de música, dança, teatro e cinema. “Gostaríamos de ir a cidades diferentes para mostrar uma visão compreensiva de nós. Juntos, os projetos podem mostrar o que a Coreia é hoje”, afirma Kim Yougna, diretora-geral do Museu Nacional da Coreia, órgão responsável pela curadoria dos eventos que serão apresentados no Brasil. Ela reitera que o festival é uma oportunidade para que os brasileiros passem a conhecer mais a Coreia. “É uma questão de tempo. São 50 anos de imigração e ainda assim não nos conhecemos muito bem, mas queremos mudar isso”, completa Woosang.
Educação e negócios
Também a partir deste ano, iniciativas nas áreas econômica e educacional devem estreitar ainda mais os laços entre os dois países. Em setembro, a Coreia do Sul deve receber 87 estudantes brasileiros que, com o apoio do governo brasileiro, realizarão projetos de especialização em tecnologia e desenvolvimento na capital, Seul.
Deste lado do globo, a USP inicia no ano que vem, com o apoio da Korea Foundation, um curso de língua coreana. Ainda na área acadêmica, a recém-criada Academia de Relações Exteriores da Coreia negocia um acordo de cooperação com o Instituto Rio Branco, para promover o intercâmbio dos futuros embaixadores.
A aproximação entre Brasil e Coreia do Sul é ainda mais visível na área econômica. O Brasil representa 30% de todo o comércio e investimentos da Coreia na América Latina. As trocas entre os países triplicaram nos últimos cinco anos e atingiram mais de US$ 18 bilhões. “A partir de novembro, vamos reestruturar e ampliar a atuação da Kocham, a câmara de comércio coreana no Brasil”, diz o cônsul-geral Park.
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