Com direito a performances e leituras dramáticas dirigidas por Pedro Granato, e participação de Jairo Pereira, Paula Pretta e Roberta Martinelli, foi lançado em novembro o livro Itamar Assumpção – Cadernos Inéditos, com cerca de 600 poemas e textos do artista. A seleção e organização foram feitas pelas filhas do compositor, Anelis e Serena, a mulher, Elizena, e o amigo, colaborador e vizinho Marcelo Del Rio. Os escritos estavam espalhados em cadernos da escola, que foram guardados pela família.
A discografia de Itamar foi lançada pelo selo SESC em 2010, sob o título Caixa Preta, com os nove discos de carreira, o CD póstumo com Naná Vasconcelos e as produções recentes montadas sobre gravações deixadas pelo artista, que morreu em 2003, que ficaram a cargo de Beto Villares e de Paulo Lepetit, discos batizados Pretobrás volumes II e III.
Quem conheceu Itamar sabe bem da sua proficuidade, da mania de aparecer com músicas novas em gravações agendadas e dos longos telefonemas em que lia poemas. Leminski e Alice Ruiz o chamavam de poeta não, apelido tirado da Z da Questão Meu Amor, do próprio Itamar. No ensaio A Transmutação do Artista, Luiz Tatit escreveu: “(Itamar) não deixava escapar uma experiência, uma observação ou mesmo uma brincadeira sem convertê-las instantaneamente em letra (…). Como se tivesse a missão de escrever a crônica de toda uma vida…”.
De fato, a leitura de Cadernos Inéditos revela um autor divertido, amargo, dado a descrições jornalísticas que se alternam com textos intimistas ou reflexivos. As rimas, como notou José Miguel Wisnik, surpreendem pela criatividade e mobilidade. Em suas anotações, Itamar chega a brincar com os clássicos, como em Deu Bandeira (leia nesta página), mas sem perder a linha, sem embarcar em clichês.
A energia gerada por Itamar Assumpção parece inesgotável. Zélia Duncan, amiga e admiradora, está lançando Tudo Esclarecido, que contém 13 faixas do compositor das quais seis são inéditas – incluindo um presente de Itamar, Zélia Mãe Joana –, colocando a cariocada para conhecer o som do negão, de Kassin, que produziu o disco, a Martinho da Vila, que canta É de Estarrecer. As exceções ficam por conta de Marcelo Jeneci e Ney Matogrosso (este em Isso Não Vai Ficar Assim). A parceira Alzira E comemora os 20 anos de AMME (acrônimo de Alzira Maria Miranda Espíndola), composto, produzido e dirigido por Itamar, e promete um álbum novo com algumas regravações do referido disco e várias inéditas. Feito que encontra eco em outra parceira, Alice Ruiz, que planeja um disco de composições em dupla com o Itamar, inéditas também, que deverão ser interpretadas pelas filhas dos dois, respectivamente, Estrela Leminski e as irmãs Anelis e Serena Assumpção. Até a Banda Isca de Polícia vem aí com um lançamento. Será um álbum criado em conjunto com os parceiros de Itamar. Um disco sem Itamar. Teoricamente, é claro. Afinal a banda ainda é dele.
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